Os 60 anos da União Europeia
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domingo, 26 de março de 2017
Em meio ao aumento dos movimentos nacionalistas, 27 líderes europeus renovaram, no sábado (25), na Itália, os compromissos de unidade que nortearam a formação da União Europeia, marcando assim as comemorações pelos 60 anos de criação do bloco. Mesmo com a ameaça terrorista e a ausência de um representante do Reino Unido, que nesta semana dá início ao processo formal de saída do bloco, os líderes presentes às comemorações em Roma estavam otimistas com a missão de reconquistar a confiança do europeu. O primeiro ministro italiano, Paolo Gentiloni, lembrou da coragem daqueles que seis décadas atrás assinaram os tratados de Roma e foram realizar o sonho de unir um continente abalado por duas guerras mundiais. A declaração firmada em 2017 traz metas para os próximos dez anos, entre elas, inclusão social, diminuição da burocracia, aumento da segurança e fortalecimento do euro. O grande desafio é a convivência entre países com recursos e riquezas tão diferentes. As forças conservadoras que surgem não apenas na Europa, mas em países americanos, como os Estados Unidos, encontraram no papa Francisco uma crítica contundente. O líder do menor país da Europa e do mundo celebrou no sábado uma missa a céu aberto em Milão, no Norte da Itália, e deixou claro o seu desejo para o Velho Continente: "Sonho com uma Europa na qual ser imigrante não é um crime". Na celebração, o chefe da Igreja Católica defendeu uma cultura "multiétnica", que não teme o diferente, e elogiou o povo que é capaz de receber e integrar os estrangeiros. "Este povo não teme abraçar as fronteiras nem acolher", lembrou. Se depender do Reino Unido e de líderes de outros países poderosos, como a França, a União Europeia está destinada a acabar. Não cabe aqui defender ou condenar o bloco, mas lembrar que ele surgiu para evitar que os europeus continuassem a se matar em mostras de rivalidade e desejo de dominar o continente e o mundo. E que, como lembrou o papa, é preocupante ver que a União Europeia pode morrer sem realizar os seus ideais, como a paz, a solidariedade e a prosperidade para todos.