É muito caro combater a violência. Uma pesquisa feita pelo instituto australiano For Economics and Peace (IEP) mostrou que no ano passado o impacto da violência na economia global atingiu US$ 14,3 trilhões. Esse valor corresponde a 13,4% do Produto Interno Bruto (PIB) global. É mais que o PIB da China, calculado em US$ 11,2 trilhões. O estudo analisou 162 países que correspondem a 99,6% da população do planeta.
O IEP realiza esse estudo desde 2008. Segundo o levantamento, os custos do Brasil com a violência somaram US$ 255 bilhões em 2014, o equivalente a 8% do PIB do País - para a área da educação, o País repasse 6,6% do PIB.
Em comparação com os outros 161 países, o Brasil ocupa a quinta posição no ranking dos que mais gastam com a violência, atrás de Estados Unidos, China, Rússia e Índia. No entanto, quando a comparação é feita a partir da relação com o PIB, o Brasil cai para a 47ª posição, com a liderança ocupada pela Síria, onde as despesas alcançam 42% do PIB. Iraque e Afeganistão estão em segundo e em terceiro lugar, respectivamente, com 31% e 30% do PIB.
O levantamento inclui despesas militares (manutenção do Exército, guerras contra outros países), crimes (homicídios, violência sexual, etc.), conflitos (terrorismo, guerras civis, etc.) e segurança interna (polícia, serviços de segurança privada, etc.). No Brasil, os homicídios representam a maior parcela de custos com violência, com 50% do total, o mesmo patamar do México. Em relação a 2008, as despesas brasileiras com homicídios cresceram 21% no ano passado, apontou o relatório.
Segundo a pesquisa do IEP, o aumento da violência no Brasil tem ligação com a atual estagnação econômica, altos níveis de inflação e descontentamento social. O instituto australiano fez uma análise interessante sobre como os gastos para conter a violência poderiam ser revertidos em outras áreas. Se houvesse uma redução de apenas 10%, seria possível economizar US$ 1,43 trilhão, que representa 10 vezes mais o volume de assistência que os países mais ricos oferecem aos mais pobres.
No Brasil, a economia com a redução desses gastos poderia ser revertida para educação, área de fundamental importância quando se pensa em redução dos índices de violência.