Há muito tempo a sociedade discute a violência doméstica, onde a mulher é a principal vítima. Com o avanço feminino no mercado de trabalho, as atenções se voltam para a violência nos ambientes corporativos e acadêmicos. Nestes casos, o que preocupa são as diversas formas de violência - psicológica, moral e sexual - geradas pelo machismo.

Reportagem publicada nessa segunda-feira na Folha de Londrina mostra a mobilização das mulheres para coibir comportamentos machistas, racistas e LGBTfóbicos em jogos universitários – dentro e fora das quadras. Para isso, foi criada uma comissão especial dentro da 7ª Edição dos Jogos Inter Atléticas (JIA). A justificativa é a alta frequência de comentários ofensivos de torcedores a parte dos atletas em outras edições do torneio.

Para garantir representatividade e incentivar a conscientização, a comissão é composta por homens ou mulheres, heterossexuais ou pessoas LGBT e tem apoio da Clínica de Psicologia da UEL (Universidade Estadual de Londrina). A ideia é encorajar as vítimas a denunciarem possíveis abusos, com a certeza de que encontrarão acolhimento.

Estudantes relatam que os ambientes esportivos ainda são muito masculinos e as "brincadeiras" ofensivas são naturalizadas. As atletas aproveitam para cobrar respeito ao esporte feminino, que de fato ainda não tem a devida valorização.

Também na UEL, uma outra comissão foi criada pelo curso de História, representando a comunidade do CLCH (Centro de Letras e Ciências Humanas), para coibir o assédio contra as mulheres, principalmente durante os trotes.

Tudo isso que vemos acontecer no meio acadêmico é reflexo do preconceito existente na sociedade como um todo. O problema é continuar achando naturais tais condutas. Daí a importância de se institucionalizar grupos que não só encorajem as denúncias como joguem luz sobre a discussão. O primeiro e mais importante passo para cessar o machismo está na educação das crianças.