A trágica morte do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, trouxe preocupação quanto ao futuro das chamadas delações-bomba dos 77 empresários da Odebrecht. Seria o ministro quem homologaria os 900 depoimentos que, além da Petrobras, chegam aos setores de transportes, de energia e saneamento e colocam em polvorosa políticos – seriam quase 200 nomes - dos mais variados partidos e calibres.
E, em que pese, algumas críticas ao trabalho da força-tarefa e ao juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância em Curitiba, os acordos de leniência das grandes empreiteiras servem de confissão de culpa da corrupção desenfreada que tomou conta do País nas últimas décadas. A Odebrecht, por exemplo, se comprometeu a pagar a astronômica multa de R$ 6,9 bilhões após assinar acordos com Brasil, Estados Unidos e Suíça. E ainda está em tratativas com outros países latino-americanos.
O acidente fatal com Teori, na última quinta-feira, coloca uma interrogação sobre a condução dos trabalhos no STF. Teme-se pelo próximo relator do caso, principalmente, porque caberá ao presidente Michel Temer indicar o substituto de Teori no STF. Já se sabe que aliados próximos a Temer serão atingidos pela delação da empresa e isso trará turbulência ao governo.
Mas pela conduta do Supremo até o momento, não há razão para suspeitas. A presidente da corte, ministra Cármen Lúcia, deve sortear o processo entre os integrantes 2ª Turma do STF, da qual Teori fazia parte, desfazendo qualquer suposta trama de blindagem ou teoria da conspiração no acidente que pulula nas redes sociais. No sábado, durante o velório de Teori, Temer garantiu que só indicará um novo ministro para a corte depois que o STF definir quem ficará com a relatoria da operação.
A divulgação das delações deveria ocorrer em fevereiro, quando normalmente o País parece anestesiado pelo clima festivo do Carnaval. A tendência é que a homologação dos depoimentos dos empresários ligados à Odebrecht seja postergada. O que não quer dizer que o caso será esquecido. Se depender da Lava Jato, quem vai sambar mesmo são os políticos e empresários envolvidos na trama corrupta, que poderão encontrar velhos conhecidos no Complexo Médico-Penal de Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba), para onde são levados os presos por ordem do juiz Moro.