Entre 1995 e 2015, mais de 50 mil pessoas foram resgatadas em condições análogas à escravidão no Brasil. O número corresponde a quase 10% do total de 700 mil escravos existentes em 1888, ano em que a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, abolindo a escravatura no País. Após 130 anos, o problema ainda persiste, tanto que em 1995 o governo brasileiro precisou reconhecer que existia trabalho escravo no território nacional. Infelizmente, a escravidão contemporânea é mais comum do que se pensa. Os dados foram divulgados pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) e fazem parte de reportagem especial deste fim de semana da Folha de Londrina. Em maio, o MPT inaugurou o Observatório Digital do Trabalho Escravo, uma ferramenta on-line com todos os casos registrados no Brasil desde 2003, ano de lançamento do 1º Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo. O objetivo do observatório é monitorar melhor os dados e responsabilizar os culpados. É preciso realmente punir os empregadores que visitam localidades pobres para recrutar pessoas de baixa qualificação, prometendo bom salário, alojamento e refeições – mas na realidade não é o que acontece. Segundo o MPT, nos últimos 14 anos, 43.428 pessoas foram resgatadas nessa situação; quatro estados concentram quase metade dos casos: Pará, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. O Paraná é o 11º estado com mais trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão, onde, na média, uma pessoa é resgatada a cada cinco dias. O trabalho no campo concentra cerca de 70% dos processos. A educação é uma grande arma contra esse tipo de exploração. Os dados do MPT mostram que a maioria das vítimas é analfabeta ou não concluiu o ensino fundamental. A publicação anual de uma lista com os nomes das empresas que utilizam esse tipo de mão de obra também surte efeito. Porém, a informação sobre os direitos dos trabalhadores e a punição dos empregadores são fundamentais para erradicar o trabalho escravo moderno.