O governo federal apresentou ontem um novo desenho para o ensino médio, com a proposta de flexibilizar o currículo e torná-lo em período integral, aumentando gradativamente a carga horária. A Medida Provisória (MP) que será encaminhada ao Congresso Nacional envolve a maior alteração já feita na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) desde 1996. A expectativa do Ministério da Educação é que as mudanças cheguem às escolas a partir de 2018, mas dependerá muito das redes estaduais de ensino. Atualmente, todos os alunos do ensino médio devem cursar 13 disciplinas em três anos. Com a nova MP, somente parte da grade – o primeiro ano do ensino médio - será comum a todos. Para o restante, haverá a opção de aprofundamento em cinco áreas: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico. Caberá ao aluno a escolha da linha na qual deseja se aprofundar. Mas vale ressaltar que o ensino da língua portuguesa e da matemática deverá ser obrigatório nos três anos. Por outro lado, artes e educação física serão cobradas apenas na educação infantil e no ensino fundamental. Segundo o Ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), o governo federal deverá investir de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão em dois anos no projeto de fomento ao ensino integral no ensino médio. A proposta é votar a medida na Câmara e no Senado até o mês de dezembro. A reformulação chega no momento em que a qualidade do ensino médio é bastante questionada, com baixíssimo desempenho em avaliações como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e com altos índices de evasão. Durante a sua apresentação do projeto, Mendonça Filho afirmou que os jovens apresentam hoje desempenho de português e matemática menor do que em 1997. O ensino integral já é um grande avanço porque certamente contribuirá para aumentar o desempenho do estudante, ao mesmo tempo em que tira os adolescentes das ruas. Mas as mudanças no conteúdo também parecem positivas porque a flexibilização das disciplinas aproxima as escolas brasileiras da realidade mundial. Muitos países já abandonaram o modelo unificado, como o utilizado por aqui, entendendo a importância de respeitar as diferentes vocações, habilidades e talentos.