A decisão do Senado de devolver o mandato de Aécio Neves (PSDB-MG) ainda repercute em todo o País. Na terça-feira (17), por 44 votos a 26, o plenário da Casa decidiu barrar a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), de 26 de setembro, que impôs medidas cautelares ao tucano. Ele estava afastado do Congresso Nacional e não podia deixar sua casa no período noturno. O caso rendeu muita polêmica desde que a 1ª Turma da maior instância do Poder Judiciário determinou o afastamento. Depois, porém, foi o próprio plenário do Supremo que decidiu que a última palavra sobre o destino do tucano caberia ao Senado. O retorno do político mineiro, eleito com sete milhões de votos, começou a se desenhar a partir da posição do plenário do STF. A movimentação que deu a vitória a Aécio foi desenhada voto a voto. Teve senador doente, recém-operado e acidentado indo ao Congresso apenas para votar em favor do tucano. Aécio foi denunciado pela Procuradoria Geral da República. Ele é acusado de corrupção no caso JBS. O empresário Joesley Batista, dono da JBS, apresentou áudios nos quais Aécio estaria negociando a entrega de R$ 2 milhões. Os congressistas tinham consciência da repercussão negativa de votar a favor do colega exposto a partir da delação do magnata. Tanto que tentaram – sem sucesso – garantir o voto aberto. No final da sessão, a constatação: dos 44 senadores que votaram a favor do retorno do mineiro, 28 são alvos de inquérito ou de ação penal no STF, sendo que 19 são investigados na Operação Lava Jato. O senador, que disse ser vítima de uma "ardilosa armação", recuperou o mandato, mas deve ter problemas para se manter na presidência do PSDB. Colegas já defendem que ele não tem condições de permanecer no posto. Os congressistas que votaram em favor de Aécio justificaram que pensaram na soberania do Congresso e na Constituição. Mas a decisão abala a imagem do Senado enquanto instituição, pois as acusações e as provas apresentadas contra Aécio são bastante comprometedoras. Seria mais adequado manter a decisão do STF até que o processo na Justiça fosse concluído.