Promessa de campanha de todo candidato a prefeito no Brasil, a ampliação do número de vagas em creches vai de mal a pior em todo o País. Pesquisa inédita do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2015 mostra que 75% das crianças brasileiras com menos de quatro anos de idade não vão à creche. Corresponde a 7,7 milhões de meninos e meninas nessa situação de um total de 10,3 milhões. Segundo o estudo da Pnad, das 10,3 milhões de crianças, 84,4% (8,7 milhões) normalmente permaneciam, de segunda a sexta-feira, de manhã e de tarde, no mesmo local e com a mesma pessoa. Desse total, 74,5% ficam em suas próprias casas sob os cuidados de um de seus responsáveis. Apenas 16,6% passam a manhã e a tarde em creches ou escolas. A pesquisa ainda revela que o Brasil está longe de alcançar a meta estipulada pelo governo no Plano Nacional de Educação, que é, no mínimo, 50% das crianças de até três anos matriculadas nas instituições adequadas. Como já era previsto, o estudo confirmou que aquelas que não vão às creches são as mais pobres. Chama a atenção o fato de que menos da metade das famílias que não têm os filhos matriculados nessas instituições tomaram alguma iniciativa para colocá-los na escola. O trabalho de cuidar das crianças pequenas continua a ser responsabilidade das mulheres. Segundo o instituto, quase 85% das crianças brasileiras com menos de quatro anos ficam sob a responsabilidade de uma pessoa do sexo feminino. Creche não é luxo, é uma necessidade. Se no passado a função de prover o sustento da família era do pai, hoje a mulher participa igualmente dessa tarefa e é grande a quantidade de lares chefiados por elas. A falta de creche é um dos grandes obstáculos para que muitas mães possam trabalhar. É menos renda para a família e mais crianças sem acesso a um atendimento adequado. Lembrando que essas instituições não são apenas um local para os menores ficarem em segurança enquanto os pais trabalham. É um espaço de aprendizado e desenvolvimento sadio.