O Brasil ocupa a terceira posição mundial no quesito população carcerária. A informação consta no Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, do Ministério da Justiça, referente aos anos de 2015 e 2016 (até o mês de junho). Segundo o documento, o número de pessoas presas, que inclui tanto as já condenadas quanto as que aguardam julgamento, totalizou 726.712.

O dado, porém, torna-se mais alarmante quando se analisa o número de vagas do sistema prisional: a taxa nacional de ocupação é de 197%, ou melhor, há 19 pessoas presas para cada 10 vagas existentes. Trazendo essa realidade para cada Estado, o Paraná também ocupa a terceira posição, com 51.700 detentos, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais.

O ranking, que coloca o País à frente da Rússia, perdendo apenas para os Estados Unidos e a China, não representa nenhum motivo de orgulho. Mas sim de preocupação, de alerta. Especialmente quando os dados apontam para o perfil desses presos: 55% têm entre 18 e 29 anos; 64% são negros; 75% não chegaram ao ensino médio; menos de 1% tem graduação no ensino superior; 6,32% (45.989) são mulheres. Nossas cadeias estão cheias de pessoas jovens, com pouca instrução, e que poderiam estar na lista de mentes empreendedoras, em busca da inovação necessária para levar nosso País ao topo de um ranking sim, mas de desenvolvimento.

Em um evento de Segurança Pública, a presidente do STF e do CNJ, ministra Cármen Lúcia, disse que um preso no Brasil custa R$ 2,4 mil por mês enquanto um estudante do ensino médio custa R$ 2,2 mil por ano. "Alguma coisa está errada na nossa Pátria amada", alertou. Ela lembrou ainda a previsão feita pelo educador Darci Ribeiro, em 1982, quando afirmou que, "Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios". A superlotação das cadeias e a realidade da educação no País mostram que isso se concretizou.

Em um contraponto, há pouco tempo, países como a Suécia e a Holanda tornaram-se notícia por estarem desativando presídios pela queda em sua população carcerária. Forte investimento na reabilitação dos presos, penas mais brandas para delitos que envolvam drogas e aplicação de penas alternativas para alguns tipos de crime, como pequenos furtos, são apontados como algumas das razões desta invejável realidade.

Aqui, faltam presídios, mas faltam muito mais investimentos em educação, oportunidades e prioridades.