O Brasil tem o privilégio de ter uma das maiores costas marítimas do mundo, além de ser cortado por rios de Norte e Sul. Porém, o uso dessas águas aumenta os riscos de acidentes e afogamentos, já que a manutenção e fiscalização das embarcações é deficitária.

Na semana passada, um acidente numa represa da Usina Hidrelétrica Canoas 2, em Andirá (Norte Pioneiro), aumentou o triste saldo de vítimas fatais deixando dois mortos, de 51 e 55 anos, que pularam na água, após uma canoa virar com sete pessoas, para salvar outros passageiros. A Marinha já abriu inquérito para apurar o caso, que ficará sob a responsabilidade da Delegacia Fluvial de Presidente Epitácio (SP).

O Brasil ainda tem na memória os dois grandes naufrágios que aconteceram recentemente no Pará e na Bahia, Estados onde é comum o transporte por rios e mar, não só como forma de lazer destinada a turistas, mas também para transportar trabalhadores que usam este meio cotidianamente.

Nos balneários, é comum o uso de barcos sem autorização para navegar ou sem fiscalização que os torne seguros. No verão, é comum os turistas se depararem com barcos sem manutenção ou mesmo "consertados" com gambiarras que navegam sem que ainda se observe as condições de clima. Em dia de sol ou tempestade, os barcos saem oferecendo mais um dia de lazer que pode acabar em tragédia. No Norte do Brasil, as gaiolas e embarcações amazônicas também nada oferecem em matéria de segurança.

O saldo de acidentes é prova dos riscos que se repetem a cada ano sem nenhuma providência por parte das autoridades. Nunca há nos barcos coletes salva-vidas – cujo uso é "altamente recomendado" - em número suficiente e as equipes de salvamento no mar são escassas. Da mesma forma, a falta de cuidados se repete ou mesmo dobra nos rios. Segundo reportagem da FOLHA, a Delegacia de Guaíra (PR), por exemplo, tem uma equipe volante para atender desde Mercedes (Oeste) até Carlópolis (Norte Pioneiro), num total de 600 quilômetros entre um extremo e outro do Estado. Trata-se do único órgão habilitado para este tipo de atendimento numa região extensa.

Sem fiscalização e sem prudência por parte dos próprios passageiros – alguns pouco acostumados à água –, a chance de ocorrência de tragédias é muita alta. O cuidado que se deve ter nas águas é o mesmo que se deve ter nas estradas. No entanto, enquanto as campanhas de educação no trânsito são contínuas, nada se ouve sobre a prudência para a navegação. Fica o apelo para que com a proximidade do verão o zelo pelo transporte nas águas tenha a mesma dimensão que nas rodovias. Campanhas pedindo atenção e cuidado são sempre bem-vindas.