Se a qualidade de vida no Brasil está deixando a desejar, o que dizer da qualidade na morte? A publicação inglesa "The Economist" investigou sobre a qualidade da morte em 40 países a partir de critérios como número de leitos, oferta de cuidados paliativos e formação de profissionais para atender os pacientes em estado terminal. O Brasil ficou em 38º lugar. Entre os fatores que interferem nesse resultado, está o tabu em torno da morte e a cultura que incentiva o investimento em prolongar a vida de quem está em estado em terminal. A Folha de Londrina ouviu, na edição deste fim de semana, especialistas nesse tema, que causa desconforto entre familiares de pessoas doentes e também na classe médica. Os cuidados paliativos nem sempre são bem aceitos pelas equipes que trabalham na rede de saúde. O seu conceito vem justamente do entendimento que em determinadas situações não há mais volta e o tempo do paciente até a morte não deveria ser ocupado na busca por milagres terapêuticos, mas na preocupação em dar conforto para o doente e seus familiares. Lidar com o fim da vida é um tema polêmico e as próprias faculdades de medicina, segundo especialistas ouvidos pela FOLHA, resistem em colocar o assunto em pauta. Eles ressaltam que não adotar tratamentos curativos não implica em deixar o paciente sem assistência. O profissional precisa estar preparado para se colocar no lugar da família, encontrar a melhor maneira de dar a notícia e debater com os parentes quais os melhores procedimentos a serem tomados. O objetivo é que a morte se torne menos dolorosa e o momento menos sofrido também para os familiares. O tema é polêmico, mas precisa ser debatido, em universidades, congressos e dentro dos hospitais.