A corrupção está no topo da lista de preocupação dos brasileiros e não poderia ser diferente para um povo que vê explodirem escândalos sucessivos envolvendo agentes públicos de todas as esferas de poder. Mas a indignação da sociedade frente a um problema gigantesco como esse, infelizmente, não é compartilhada com a classe política. O episódio lamentável foi o protagonizado pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a Alerj, diante da prisão dos caciques do PMDB daquele estado. Suspeitos de formar uma organização criminosa, responsável por desviar recursos públicos, os deputados Jorge Picciani, presidente da Casa, Paulo Melo e Edson Albertassi foram presos por determinação do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, mas a prisão foi revogada na última sexta por decisão da maioria dos deputados estaduais do Rio. O mais bizarro, porém, é que os peemedebistas saíram da cadeia sem alvarás de soltura emitidos pela Justiça. Ou seja, a Alerj mandou soltar e ainda enviou um carro oficial buscar os recém-libertos. O fato ocorreu no Rio de Janeiro, mas merece ser discutido em todo o país, pois certamente poderia se repetir em outras assembleias legislativas ou câmaras municipais. É evidente o distanciamento entre as casas do povo e a população. Nessa terça-feira (21), uma reviravolta. Por decisão unânime do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, os deputados voltaram para a Cadeia Pública de Benfica e na chegada viram a festa de populares comemorando a nova prisão. Há um conflito de poderes e de competências. Mas a questão não é essa. Um dos desembargadores do TRF, Paulo Espírito Santo, resumiu o sentimento de muita gente: "Parecia um resgate de filme de faroeste". Fácil entender por que o brasileiro é um povo desiludido com a política.