Brasileiros de pele preta ou parda sofrem mais com o desemprego. É o que mostrou pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O estudo, que faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, revelou que, no terceiro trimestre, 12,961 milhões de pessoas estavam na fila do desemprego. Dessas, 8,252 milhões têm a pele preta ou parda, 63,7% do total. Com isso, a taxa de desemprego da população preta ou parda é de 14,6%, acima da média, que ficou em 12,4%. Entre as pessoas de pele branca, a taxa de desemprego ficou em 9,9%. Essa análise sobre as desigualdades no mercado de trabalho, conforme a cor da pele, é inédita, e foi realizada pelo IBGE para marcar o Dia da Consciência Negra, comemorado nesta segunda-feira (20). Lembrando que as pessoas de pele preta e parda respondem por 54,9% da população brasileira. Os pesquisadores do IBGE constataram também que mesmo quando está empregada, a maioria das pessoas de pele preta e parda acaba trabalhando em atividades de menor qualificação e em piores condições, como o trabalho doméstico ou de ambulante. O resultado é que, no terceiro trimestre, o rendimento médio dos trabalhadores pretos e pardos (R$ 1.531) foi quase a metade (55,5%) do registrado para brancos (R$ 2.757). A raiz desse problema é histórica e remete à escravidão. Ou seja, a desigualdade vem da época do Brasil Colônia e suas consequências cruéis persistem mesmo que a Lei Áurea tenha sido assinada há mais de cem anos. O preconceito racial impacta a vida da população de origem afrodescendente no ambiente escolar e acaba refletindo no mercado de trabalho. O brasileiro não gosta de admitir, mas o preconceito existe de maneira muito séria no País. Se alguém tem dúvida, basta olhar a proporção de negros estudando nas universidades brasileiras e trabalhando como médicos, engenheiros, professores, advogados e juízes, por exemplo. Um bom tema para reflexão nesta segunda-feira, dia que o País presta homenagem a Zumbi dos Palmares.