O governo central (formado pelo Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) ultrapassou a meta de deficit primário esperada para 2016. Nos 12 meses terminados em agosto, o resultado negativo chegou a R$ 172,195 bilhões, contra uma meta estipulada de resultado negativo de R$ 170,5 bilhões para este ano. A queda das receitas e o crescimento de despesas obrigatórias são apontados como os responsáveis pelo cenário que despontou mês passado. Entende-se por deficit primário o resultado negativo das contas públicas desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública. Apenas em agosto, o governo central registrou deficit primário de R$ 20,346 bilhões. Foi o pior resultado negativo para o mês desde o início da série histórica, em 1997. É um número bastante preocupante porque representa quatro vezes o deficit de R$ 5,061 bilhões registrado em agosto de 2015. De janeiro a agosto de 2016, o deficit primário chega a R$ 71,419 bilhões, também o pior resultado para o período na história. De janeiro a agosto de 2015, o governo registrou resultado negativo de R$ 13,964 bilhões. Para a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, o fato de o deficit no acumulado de 12 meses ter ultrapassado a meta deste ano representa apenas um efeito estatístico da quitação de passivos da União com bancos públicos e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Segundo ela, o pagamento dessas despesas significou desembolso de R$ 55,6 bilhões em dezembro do ano passado. Por isso, ela acredita que o cumprimento da meta de deficit de R$ 170,5 bilhões será possível. A secretária apontou outro fator como responsável pelo saldo negativo: a Previdência Social, que alcançou deficit de R$ 87,574 bilhões nos primeiros oito meses do ano, enquanto o Tesouro e o Banco Central tiveram superavit de R$ 16,156 bilhões. A baixa arrecadação preocupa muito, mas diminuir os gastos públicos pede ações urgentes e a reforma da Previdência precisa ser encarada como fator fundamental para reverter as contas do governo federal.