O Posto da Torre, local de origem da distribuição de propinas a políticos investigado pela histórica Operação Lava Jato, voltou a ser alvo de operação da Polícia Federal, a Perfídia. Nesta quarta (26), o doleiro Carlos Chater, dono do estabelecimento, localizado em Brasília, foi conduzido coercitivamente para depoimento à polícia. Chater teve a condenação mantida pela Justiça Federal, em 2015, a cinco anos e seis meses em regime inicial fechado em uma ação de que tratava de crimes de tráfico de drogas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Atualmente, cumpre a pena em regime aberto. No Posto da Torre funciona também uma lavanderia e uma casa de câmbio. Por conta desses empreendimentos, que a maior operação que investiga corrupção no Brasil ganhou o nome de Lava Jato. A empresa e as contas, em nome do doleiro, foram usadas para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, segundo os investigadores. À época, foi descoberto também que Chater integrava o grupo de doleiros que faziam parte de esquemas de corrupção de políticos e agentes públicos até hoje investigado e alvo de denúncias da Justiça. A Operação Perfídia – que está na segunda fase - investiga uma suposta organização criminosa envolvida com lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal com ramificações em pelo menos cinco países. Na primeira fase da operação, em dezembro do ano passado, foi descoberta a movimentação de cifras bilionárias. Segundo as investigações, uma empresa de offshore controlada pela organização no exterior, pode ter realizado, em uma única transação bancária, movimentações que excedem US$ 5 bilhões. Os documentos apreendidos estão em sigilo. Mas é interessante que no momento em que o Congresso discute a lei do abuso de autoridade e o fim do foro privilegiado, o estabelecimento comercial que detonou a Lava Jato volte à cena principal. As revelações da Lava Jato e o número de operações que se desdobraram a partir delas mostram como é importante superar os esquemas de corrupção sistêmica que fazem o País adoecer.