De um lado, a excessiva produção de lixo pela população, puxada principalmente pelo consumismo desenfreado e a falta de informação. De outro, ausência de vontade política, orçamento enxuto e pouca capacidade técnica para criar soluções eficientes. Está montado o cenário para que a gestão de resíduos sólidos caminhe a passos bem lentos no Brasil, como mostrou a reportagem publicada nesta semana na FOLHA. O assunto não é novo e os problemas também não. Sancionada em agosto de 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos lançaria um novo olhar para o lixo diário, com a proposta de priorizar a separação, dar a correta destinação, reduzir a geração de resíduos e incentivar o consumo consciente. Na prática, porém, a realidade é bem diferente. Até agora, o governo federal não conseguiu debater e aprovar um Plano Nacional de Resíduos Sólidos e os governadores e prefeitos ainda precisam apresentar seus planos para ter acesso a recursos da União para a gestão dos resíduos. Estimativas apontam que hoje de 30% a 35% dos municípios possuem o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e apenas oito estados têm o plano estadual - o Paraná engrossa a lista dos que não têm. O que se observa é uma sucessão de falhas e prazos sendo postergados para que todos se adequem à lei. O fim dos lixões, por exemplo, estava programado para agosto de 2014, mas os municípios não conseguiram cumprir. Projeto em tramitação na Câmara dos Deputados estabelece a ampliação do prazo, de forma escalonada: 2018 (para capitais e regiões metropolitanas) e 2021 (para municípios com menos de 50 mil habitantes). Um dos pontos apontados na reportagem da FOLHA é a falta de decisão política para resolver a escassez de recursos para a gestão do lixo nos municípios. Neste sentido, o momento é oportuno para que os postulantes a vagas nas prefeituras e câmaras municipais apresentem propostas viáveis sobre o assunto. E também para que a população cobre tal atitude de seus candidatos e depois fiscalize o seu cumprimento.