O que esperar de Donald Trump? É a pergunta que o mundo tem feito desde que o magnata republicano foi eleito para comandar a nação mais poderosa do planeta. Entre os maiores temores do mercado internacional quanto à gestão do septuagenário novaiorquino, iniciada nessa sexta-feira com a posse na Casa Branca, é que ele vire as costas para o mundo, o que poderia representar um recrudescimento nas relações comerciais com países emergentes como o Brasil.
Hostil ao fluxo migratório da comunidade hispânica nos Estados Unidos e acordos diplomáticos costurados por seu antecessor, Barack Obama, como o estreitamento da parceria com a União Europeia e o histórico acordo nuclear com o Irã, Trump terá como maior desafio dissipar a grande nuvem da desconfiança que paira sobre o seu recém-nascido mandato.
No discurso de posse, o presidente reforçou pontos cruciais explorados em sua campanha eleitoral, num sinal evidente de que aquilo que muitos analistas interpretavam apenas como retórica marqueteira sem efeito prático algum pode vir a pautar suas políticas de governo. Prometeu devolver os Estados Unidos ao povo após afirmar que as vitórias dos políticos nos últimos oito anos e do "establishment" não foram compartilhadas com os cidadãos e avisou que, a partir de agora, "será apenas a América em primeiro lugar."
Donald Trump, o 45º presidente dos Estados Unidos, terá que lidar primeiro com a rejeição interna para governar. Movimentos ativistas que veem na sua postura uma ameaça a conquistas sociais bastante caras para a nação que se julga a mais democrática do mundo tendem a se fortalecer. Prova disso é a onda de protestos desencadeada desde que derrotou a democrata Hilary Clinton em novembro.
Quando fala em expulsar os imigrantes ilegais e erguer um muro na fronteira com o México, o presidente afaga uma parcela considerável do eleitorado conservador que o apoiou, mas também pode passar a falsa impressão de uma suposta intolerância à legião de estrangeiros que quer ganhar a vida na América. É um outro desafio a testar a governabilidade de Trump, afinal, são mais de 55 milhões de latinos vivendo nos Estados Unidos, o que representa 17% da população total do país.
A retomada do crescimento econômico a todo custo é outra bandeira levantada pelo magnata. Resta saber a que preço. Que Deus abençoe a América.