Ao completar um ano à frente do cargo, o presidente Michel Temer enfrenta uma crise gravíssima que ganhou mais repercussão ainda no último final de semana com o anúncio de que a Ordem dos Advogados do Brasil vai entrar com pedido de impeachment contra o peemedebista. O presidente foi envolvido na explosiva delação premiada do dono da JBS, Joesley Batista. Na denúncia, o empresário diz que Temer teria dado aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro. A conversa foi gravada por Batista em um encontro na residência do presidente, em março. Embora o áudio dê margem a dúvidas quanto à tentativa de atrapalhar a Lava Jato, Temer tem muito o que explicar. Um dos pontos a esclarecer é porque recebeu em um encontro em sua casa, tarde da noite, um empresário que já configurava em três operações da Lava Jato. Há quem acredite ser insustentável a permanência do peemedebista à frente do Palácio Alvorada. Ainda há muito o que explicar, mas de todo esse escândalo há uma certeza: a necessidade de uma reforma política que realmente signifique uma mudança nas estruturas e na captação de recursos para campanhas eleitorais. Os esquemas de corrupção mostrados na delação dos executivos da JBS mostram articulações criminosas em todos os níveis e em vários partidos políticos. É assustador o número de nomes envolvidos no esquema. Uma mudança precisa ser feita com urgência. Mesmo com a preocupação de que os autores dessa reforma – deputados e senadores - estejam mais preocupados com suas reeleições, ainda assim é preciso insistir e cobrar mudanças. A corrupção prejudica o País, afeta a competitividade, causa injustiça, desigualdade e tira dos mais pobres serviços essenciais nas áreas de saúde e educação. O caixa 2 não pode ser encarado como ferramenta normal no financiamento de campanha. É importante que a reforma política aconteça, assim como é necessário que as reformas trabalhistas e da Previdência não parem no Congresso. O País precisa delas para continuar caminhando.