Um posto de combustível abandonado na Avenida Dez de Dezembro, próximo ao Terminal Rodoviário de Londrina, é um ponto de moradia de usuários de crack. No local, a Folha de Londrina acompanhou o drama de cerca de 10 moradores. Situação que não é diferente da realidade escancarada na Cracolândia de São Paulo, após as ações da prefeitura paulistana e do governo estadual. É o mesmo cenário degradante, guardadas as devidas proporções. A cada operação da prefeitura e da polícia de São Paulo, centenas de usuários são expulsos de um local e pouco tempo depois ocupam outra área para formar uma nova Cracolândia. A reportagem acompanhou o vai e vem de um dos moradores, que pede dinheiro em um semáforo e usa as moedas e notas recebidas para comprar mais uma pedra e consumir na sequência. Rapidamente, volta a mendigar e na primeira oportunidade, fuma mais uma pedra. Os comerciantes e moradores da região têm receio de reclamar abertamente e sofrerem algum tipo de represália. Eles se queixam da situação de insegurança na área que passa pela Avenida Dez de Dezembro, Rodoviária e Praça Tomi Nakagawa. Por ali, os pequenos furtos são corriqueiros. São eles que abastecem o comércio da droga naquela faixa entre o centro e a zona leste. A tentativa da cidade de São Paulo para acabar com a Cracolândia envolveu uma discussão polêmica: a internação compulsória dos dependentes. Muitos defendem que a medida é ilegal, outros observam que dependendo do estado de drogadição, os usuários não conseguem mais tomar a decisão de buscar ajuda. O crescimento do número de viciados em crack vem aumentando e resolver o problema é um desafio para as grandes cidades. As experiências recentes na cidade de São Paulo mostram que não é simples. Não se resolve com bombas de gás lacrimogêneo, gritaria, correria e máquinas retroescavadeiras. É preciso que o poder público invista em prevenção e em um projeto articulado que envolva saúde, segurança e assistência social. Não é possível vencer sozinho.