No divã do analista
O tucanato sempre esteve em crise de identidade pelo fato de constitui uma espécie de PMDB encabulado. Tentaram, lá atrás e no andamento da Constituinte de 1988, sugerir que eram uma espécie de lado higienizado, daí buscarem caracterizar-se como uma fração de traço socialdemocrata e, sobretudo, parlamentarista. Em que pese esse esforço, estão agora atolados até o pescoço nas investigações da Lava Jato e seus quadros sacralizados, mesmo nas gestões paulistas, deixaram vestígios no setor de trens e metrôs com as dificuldades costumeiras de procedimentos judiciais nos Estados. É urgente, como sugeriu José Serra, submeter-se o partido à psicanálise.
Submetidos a uma humilhação na ameaça de perderem ministérios, buscaram o caminho da subserviência com o ato do senador Aécio Neves destituindo seu colega Tasso Jereissati de sua interinidade no comando da legenda. Houve perda de tempo e agora nem o desembarque do governo, ainda que seja de maioria, salva a cara dos seus seguidores.

O PSDB tentou recriar a facção dos "autênticos" ao tempo em que o divisor ideológico se dava com a maioria fisiológica, hoje a essência e a identidade desse PMDB mesmerizado com a liderança de Michel Temer. O alerta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para rápido desembarque se deu fora de hora como também a do nosso governador Beto Richa ao enunciá-la como palavra de ordem, depois de tanto silêncio e omissão. Faz horas que não temos gente nossa em intervenções no cenário nacional. Não dá para comparar esse ciclo (ou seria uma era?) com os tempos do neysmo em que o Paraná era um protagonista sistemático.

O PSDB é o mesmo PMDB de sempre: comprova-o a figura do senador Aécio Neves, até há pouco o mais credenciado dos seus líderes na disputa presidencial, flagrado na mordida em cima da JBS logo amaciada para um suposto empréstimo.

Frágil
Fraquíssima a manifestação obreira em Curitiba contra a reforma trabalhista: segundo a Polícia Militar, reuniu menos de trezentas pessoas na Boca Maldita, o que prova a baixa adesão num tema mal discutido em que pese a sua relevância. Baixíssímo o nível de consciência das centrais sindicais inclusive revelando que estudaram pouco a questão.

Fórmula 1
Cada vez, isso no passado, quando havia a disputa da Fórmula 1 no Brasil tínhamos nas estradas e ruas alguns motoristas em altíssima velocidade. Agora, na BR-277, em área metropolitana de Curitiba, a Polícia Rodoviária Federal flagrou um deles a 187 kms-horários.

Chavão
A senadora Gleisi Hoffmann, no STF, repetiu o chavão dos seus discursos dizendo que a Justiça está criminalizando a política. Fazer acertos com empreiteiras e a Petrobras pode ser político, mas em certas oportunidades se evidencia como um ato criminal, assalto, improbidade.

Rebelião
O motim na Penitenciária de Cascavel quase reproduz o cenário da ocorrência de quatro anos passados, aquela, é claro, que com efeitos mais devastadores em perdas de vida e prejuízos materiais. No mês passado, tivemos duas mortes na Penitenciária de Piraquara e outras nos distritos policiais superlotados. A inserção do Depem na Segurança está sendo duramente testada e, apesar do longo tempo de armistício nos presídios, o sistema não é garantia. O tom fora do ritmo foi a explosão verbal do governador em críticas ao Ministério Público e ao Judiciário. O governador se refere a exigências formalistas do Ministério Público em relação ao seu secretário de Segurança em episódios ocorridos em Maringá. Como o tom dessas relações é sempre cordial, a fala surpreendeu.

Autonomia
Há um racha entre Polícia Federal e Ministério Público tradicional que esbarra no controle externo de um sobre outro, nos níveis de autonomia e em questões polêmicas como a de deferir competência à iniciativa das delações premiadas. Deu-se muito relevo ao fato de que Michel Temer teria selado acordo com José Sarney e Romero Jucá na designação do novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia. Isso não significa que haverá direcionamento nas ações da corporação o que também não houve com a ida de Raquel Dodge à Procuradoria-geral da República até porque procuradores de Justiça e promotores têm autonomia, aspiração também agora colocada pela Polícia Federal. Inimaginável esse raio de autonomia a policiais estaduais condicionados por uma rotina de obediência sistemática ao Executivo, quer por civis ou militares.

Folclore
Na verdade, a questão está em aberto: o que fazer com o importante corredor – a Avenida Comendador Franco - depois que retirarem as torres, obra a cargo da Copel e que levará no mínimo um ano e meio para ser devidamente concluída. Há tempo suficiente para o exercício da criatividade só que há uma carência que não ocorria no tempo de Lerner: não há dinheiro, a prefeitura como o Estado, se fossem empresas, estariam, na melhor das hipóteses, em recuperação judicial.