Sutileza em lugar de baderna
Na Argentina, as barricadas impediram a votação no parlamento do pacote das reformas (a trabalhista, a fiscal e a da previdência) do presidente Maurício Macri. No Brasil, há mais barrigadas e cabeçadas (vide as confusões em cima do desmentido presidencial ao líder Romero Jucá e depois tudo afinal confirmado) do que barricadas. A insurreição de 2013 parece algo ocorrido há séculos ante o clima de apatia, visível até na impotência das centrais sindicais. Argentinos, uruguaios e chilenos, no teste da ditadura, se revelaram mais ativos do que nossos patrícios, o que na estatística das mortes ficou mais do que constatado.

O presidente argentino derrubou as estruturas do populismo peronista, moeu-as na derrota imposta aos kirchneristas, mas começa a enfrentar um ciclo de resistência, que está no sedimento cultural daquele povo. Aqui já foi deflagrada a romaria de corporações de juízes e procuradores de Justiça e outras faixas estamentais de servidores públicos em cima do presidente da Câmara Federal. Usa-se a mesma técnica operacional de Michel Temer, ao fazer de suas falas com parlamentares uma feira de emendas para deter a marcha das duas denúncias. Tudo isso dá a entender que a sutileza e a diplomacia são mais eficazes que o rumor das barricadas, tanto que a trabalhista foi assim negociada e os sindicatos e suas centrais se revelaram impotentes e ineptos, merecendo o apodo que Mao Tsé-Tung dava ao capitalismo: tigre de papel.

BR-2 duplicada
Semana que vem, a rodovia Regis Bittencourt, BR-116, ex-BR-2, estará inteiramente duplicada, e isso depois de meio século de espera. Com os dez km da Serra do Cafezal, um dos principais corredores ligando o Sul ao Sudeste, centro dinâmico da economia brasileira, estará concluído e brutalmente transformado ao longo dos anos. É que a diretriz da rodovia alcançou áreas em que o homem jamais pusera o pé e o regime de águas, brutalmente alterado, fez rios (como na Barra do Azeite) saírem da caixa, criando sequências arenosas e obrigando, em consequência de deslizamentos, a correções na base de viadutos e outras obras de arte.

O pique da obra em seu início era bem do estilo JK, o dos 50 anos em cinco, e essa ligação (Curitiba-São Paulo) se caracterizou, até por ser incompleta, como rodovia da morte.

Volks
Volks brasileira, segundo relatório, cooperou com a ditadura militar. Só ela? E as chamadas federações e associações empresariais nada tiveram com o peixe? Que hipocrisia! Vamos esperar que de repente façam autocrítica e admitam o pecado, mesmo que seja para dizer que aquilo, a experiência vivida, era uma guerra e, ainda por cima, geopolítica. E a operação Condor e seus consócios?

Mais tributação
A semana se inicia tanto na Câmara Municipal como na Assembleia com mais pressão sobre o já exaurido contribuinte, depois de seguidas cargas em cima do IPTU e ISS e do ICMS das micros e pequenas empresas, agora complementadas com alta nas taxas das custas judiciais.

MP vigilante
O Ministério Público estadual pleiteou em 2017 a devolução de um total de R$ 835 milhões ao erário, fruto de suas ações (82 mil ajuizadas). Há grupos em especial que respondem por grandes operações, como a Publicano, que devassou a ação em quadrilha da hierarquia fiscal do Estado, e a Quadro Negro, dos desvios em construções escolares, todos envolvendo gente ligada ao governo Beto Richa. Em dois casos, em especial, se capta a falta de conexão sobre amizades e aproximações, como no comando fiscal, com o chefe Márcio Albuquerque de Lima, com quem compartilhava lazer automobilístico (condenado a mais de 90 anos em primeira instância), e Maurício Fanini, operador dos desvios escolares e com quem viajou, juntamente com as esposas, para o exterior. Convenhamos, é bandeira demais para dar uma de Lula e de nada ter a ver com as coisas.

Desaparecidos
Somente neste ano 203 crianças e adolescentes desapareceram no Paraná e o registro tanto espantou que foi decidida a montagem de uma força-tarefa do Judiciário e da área policial judiciária para a conclusão dos respectivos inquéritos.

Fomento industrial
A cada novo levantamento, se acentua em Londrina o deficit do setor industrial, ainda agora ressaltado no ranking das maiores economias: ficou em 47º lugar em 2015 quando estava em 51º em 2010, mas no Paraná mantém o terceiro lugar, precedida por Curitiba (a primeira da província e a quinta do País) e São José dos Pinhais (segunda da terra e 31ª no Brasil). Posto que muitos achem que o setor de serviços, especialmente o de inteligência, deva alavancá-la, capta-se nos números a perda de participação industrial.

Folclore
De repórteres de campo há muitas mancadas, entre as quais a de um deles que suspeitava que o zagueiro acidentado tivesse fraturado o olho e outro que anunciou estar chovendo granito quando ele queria se referir a granizo. Depende também do tamanho e aí pode ser granito mesmo.