LUIZ GERALDO MAZZA
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 07 de dezembro de 2017
Congresso rejeitado
O Datafolha apurou que 60% da população vê como ruim ou péssimo o trabalho parlamentar, cuja maioria está atingida pela Lava Jato. É a distonia máxima entre governo e representação, a maior a que já chegamos, anomalia mais estranha ainda porque essa maioria está disposta a chancelar reformas como a da previdência, aspiração maior do mercado, e que supostamente garantiria a retomada do crescimento da economia.
A mais recente ofensiva do governo Michel Temer tenta assegurar esse tipo de conquista, tido como básico para um arranque das forças que o apoiam na sucessão presidencial justamente com essa bandeira, seguros de que com os efeitos preliminares será possível detectar sinais mais claros de retomada do crescimento e habilitar um candidato à sucessão. Espera-se uma arregimentação bem mais expressiva do que as obtidas na salvação de Temer e agora no caso em aspiração patriótica, equivalente à representada pelo Plano Real.
Esse tom heroico, épico, embala essa mobilização que acredita possível o avanço e com ele uma habilitação presidencial que poderia ser do próprio Michel Temer embora no momento possa ajustar-se mais ao arquiteto do reordenamento econômico, o ministro Meirelles.
Como se pode esperar simetria de representação quando além do presidente e alguns dos seus ministros, aparecem envolvidos em processos criminais os atuais e anteriores presidentes do Senado e da Câmara Federal? É algo que vai além, muito além, da quadrilha junina.
Os réus
Na solenidade da revista "Istoé", o constrangimento: maioria do público aplaudindo Sérgio Moro e figurantes da mesa como o presidente Temer, o ministro Moreira Franco e também o presidente do Senado se recusando a fazê-lo. Para uns, a consciência da culpa; para outros, a resistência à criminalização da política no discurso da moda. Como sair desse empate é a questão.
Em Campos, em comício, Lula anunciou que vem a Curitiba, em sua pregação, para mostrar que o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro não têm uma só prova consistente contra ele. É hora do fulgor da bravata em meio a tanta gente educada e capaz de mostrar suas posições mesmo em recintos solenes, como se ninguém viesse a pagar por suas culpas e estivéssemos a caminho de um acordão.
Quanto ao ex-presidente uma novidade: o Tribunal de Contas da União o vincula a um prejuízo de R$ 1,3 bi na Petrobras, liberado para obras que tinham problemas e que tecnicamente deveriam ser barradas. Não há decisão se será aberto ou não processo investigatório.
Katia expulsa
A vereadora Katia Dittrich foi expulsa do Solidariedade sem ter tido, segundo ela, o direito de defesa. Acusada de "racha" salário de assessores está com o processo na Câmara da capital em andamento. Agora, um problema: desde o início, ela acusou, ainda que sem provas, que o articulador de tudo é justamente seu suplente Zé Maria. Se o partido pleitear a cassação da expulsa, ele seria o beneficiário como substituto imediato A denúncia prévia faz sentido, ainda que não verdadeira. E, em política, isso é fatal.
Assalto
Em Bituruna, houve um assalto cinematográfico a um carro forte na PR-170. Em passado não muito distante, houve por lá um atentado contra o então deputado estadual Valdir Rossoni nunca bem explicado.
Mãe do Geddel
O Ministério Público federal não deixa por menos: quer a prisão da família Vieira Lima, o deputado Lúcio com recolhimento noturno e a prisão domiciliar da mãe, Marluce, com o uso de tornozeleira eletrônica. O pedido é de Raquel Dodge ao ministro relator do STF, Edson Fachin.
Cesta
Embora a alta da gasolina e do botijão de gás, não há sinais significativos de uma retomada da inflação. Ainda ontem foi apurado que a cesta básica de Curitiba ficou 1,75% mais barata,
CNJ cobra
O Conselho Nacional de Justiça não é mais o dos primeiros momentos com suas corregedorias atuantes e isso tanto é verdade que até agora a ministra Carmen Lúcia, sua presidente e também do STF, não recebeu informações de novembro e dezembro sobre salários dos juízes, já que a maioria dos tribunais não cumpriu as normas. Estaria disposta a acionar presidentes das cortes de forma oficial. No Paraná, diz-se que o TJ tornou acessíveis os dados desde que a norma entrou em vigor.
Folclore
Já condenado, mas sem risco nenhum, como se viu nas duas audiências que teve com Sérgio Moro o ex-presidente Lula deu um tom heroico a uma vinda a Curitiba para supostamente enfrentar seus algozes. É a exploração do vitimalismo, velho tique da praça.