A tortura ao lado
Nesse tempo do politicamente correto e do discurso contra a tortura, temos na superlotação das distritais uma afirmação da violência de Estado à qual numa democracia não se pode conferir autorização. Destaque-se o ato de coragem e sensibilidade do delegado de Araucária em botar a boca no trombone e denunciar a sobrecarga da delegacia, inclusive, com duas mulheres acorrentadas no corredor em condições afrontosas. E isso se deu em cima de entrevistas coletivas tanto do secretário de Segurança quanto do titular do Depen que mostraram mais perplexidade do que iniciativa de correção do problema.

É indispensável o fluxo de novas denúncias ainda que reproduzindo o óbvio. Além do caso das distritais, que merecem repúdio da área de direitos humanos da Organização dos Estados Americanos, acrescente-se o problema das penitenciárias posto em destaque com a rebelião de Cascavel e as duas mortes em Piraquara. Ainda ontem uma comissão da Ordem dos Advogados do Brasil, secção estadual, foi a Cascavel para inteirar-se dos efeitos dessa última conflagração, ainda que menores do que as ocorridas há quatro anos.

O anúncio das melhorias no sistema não dá sinais de avanço até pela circunstância de que das nove penitenciárias programadas só duas estariam em andamento e as medidas de rotina anunciadas, como as mobilizações para reduzir a carga de presos, são de efeito lento e não dão resposta satisfatória à delicadeza e profundidade do problema.

O abuso da superlotação carcerária é análogo a uma forma de tortura gerando condições para conflitos intermináveis. A hora em que um juiz de Execuções Criminais exigir a liberação dos presos, como já aconteceu, as autoridades se ligarão no cair da ficha.

Suposições
De cada medida anunciada pelo governo Temer, a presunção é de ser contrária ao que deseja a população, seja na simplificação dos contratos de seguro saúde ou agora mais recentemente nas mudanças do programa da farmácia popular como se já não houvesse a panaceia da reforma trabalhista. O autor dessas e de outras é o nosso ministro da Saúde, Ricardo Barros, uma figura forte na sucessão estadual, ainda que derrotado em Maringá.

Incêndio
O incêndio que deixou várias famílias desabrigadas na Vila Parolin mobilizou agentes municipais no atendimento aos flagelados. Campanhas comunitárias levantaram alimentos, roupas, equipamentos domésticos para a respectiva partilha. A polícia, interessada em investigar a origem do fogo, pediu que os moradores prejudicados fizessem o respectivo BO (Boletim de Ocorrência), e poucos atenderam ao apelo. As ações se dão no 2º Distrito Policial.

Estafe
Parece que o fato de estar envolvido na Lava Jato ou qualquer ação policial credencia mais os políticos na reforma ministerial: o indicado de Michel Temer para o Ministério das Cidades, o deputado federal Alexandre Baldy, Goiás, foi aliado do empresário de jogos de azar, Carlinhos Cachoeira, e flagrado em grampos da Polícia Federal. Isso se deu na operação Monte Carlo em 2011. Diz-se que o deputado atuaria hoje no grupo de Rodrigo Maia.

Só delações?
É evidente que o instituto da delação premiada acabou dividindo o mundo jurídico (mais, é claro, os criminalistas em grupos irreconciliáveis), mas houve já no mensalão uma evidência de que conforme o conjunto de provas levantado os demiurgos do Direito perdem espaço como se deu com o maior deles, Marcio Thomaz Bastos. Delações sem a correspondente matéria probatória seriam inócuas tanto que muitas absolvições nos tribunais revisores o comprovam.

Curiosamente, são advogados do Paraná como Antonio Figueiredo Basto, Marlus Arns, Adriano Bretas e Traccy Reinaldet os que mais incursionaram nesse campo.

Melhora
A Associação Comercial do Paraná está prevendo que com o horário estendido do mercado no Natal teremos, depois de muitos anos recessivos, um ganho de 1,5% nas vendas, o que não acontecia desde 2016.

Abelhas
Volta e meia ocorre um ataque de abelhas ou vespas e isso se deu agora na Rua Santa Catarina na Água Verde quando mãe e filha cortavam grama e foram atacadas e precisaram, em função das ferroadas, ser hospitalizadas.

Revisão
Nem todo STF aceita a aplicação do caso de Aécio Neves, senador, a deputados estaduais e sobre isso já houve instrução a respeito negando sua prevalência: assim a reviravolta do Rio de Janeiro referente a parlamentares pode ser revista e os acusados voltarem à prisão.

Folclore
Ontem, os vereadores de Curitiba deram a sua versão, muito primária por sinal, de obstrução ao negarem quórum a um projeto da professora Josete que implanta o fraldário, já no exame das emendas. Não se sabe se ato de fraldinhas ou fraldiqueiros, todavia surpreendeu pela falta de elegância parlamentar.