Negativo não vale
Como o diplomata Rubens Ricupero falou, sem captar que o microfone estava aberto, o que é bom a gente divulga e o que é ruim oculta. Assim é o nosso governo estadual: quando o Paraná passou o Rio Grande do Sul em renda interna fez-se um alvoroço, campanha institucional marcou o feito, ainda que estivesse visível que não demoraria muito já que sempre a quarta posição foi dos gaúchos com mínima diferença à nossa frente. Na tabulação seguinte, voltamos ao quinto posto e não se deu a mínima para a perda.

Agora, ficou demonstrado que tivemos uma perda do PIB de 3,4% em 2015 face a 2014 e que continuamos no quinto lugar como potência econômica com a gauchada à frente. Como o governo costuma adonar-se de indicadores macroeconômicos, como se ele regesse tal processo, percebe-se que é sofisma demais explorar o dado negativo.

Se a cada levantamento se juntassem as condições da infraestrutura de transporte (estradas de rodagem e de ferro, portos, aeroportos), perceber-se-ia que o governo mais atrapalha do que ajuda como vimos na derradeira pesquisa da Confederação Nacional do Transporte sobre mau estado das rodovias, pedagiadas ou públicas, ambas aqui com péssimo desempenho.

Anteontem no Tribunal de Contas, no exame do balanço de 2016, a elegância do conselho transformou fatores graves de sanções em recomendações e advertências, ainda que desta vez pela reincidência do Executivo se sugerisse um sistema de monitoramento captando anomalias como a de sonegar o repasse ao fundo de pensão da contribuição patronal, deformação que todos praticamente incidiram, além de o descapitalizarem em dois bilhões anuais e com essa jogada de parque sugerirem que estão recuperando o Estado. Apesar da evidência da crise, como se tomado por uma síndrome de apoteose mental, a turma do oba oba continua celebrando.

Reação
Correta a postura unânime do Tribunal Regional da 2ª Região determinando a prisão de deputados cariocas, mas normal também a tendência de a maioria parlamentar liberar os colegas pressionados pela Justiça. A decisão do caso Aécio Neves, ainda que por voto de Minerva, fixou o roteiro: a obrigatoriedade da ratificação legislativa. É a sutileza dos grupos acuados mostrando resistência, hoje visualizada no símbolo da classe política, Michel Temer, aquele que derrotou por duas vezes até aqui a Procuradoria da República.

Ainda que o ciclo punitivo, embora os frutos obtidos, estivesse sintonizado à opinião pública o retorno do contraditório ao processo reequilibra as coisas, ainda que botando sob ameaça as suas maiores conquistas. Há situações irreversíveis como a de Eduardo Cunha pela massa de comprovações e, em especial, o caso paradigmático de Sergio Cabral como expressão acabada da corrupção endêmica.

Drama de Ivanice
A brasileira Ivanice Carvalho da Costa, morta por equívoco pela polícia portuguesa, tem o apoio da empresa em que trabalhava e que se dispôs a cuidar da remoção do corpo para sepultamento em Amaporã. Tanto a embaixada brasileira como o consulado deram assistência à família da brasileira.

Homenagem
O deputado Mauro Moraes homenageia, na semana entrante, os 13 policiais recentemente levados a júri e acusados de execução de alguns jovens. Essa é bem do tempo em que vivemos no enfrentamento de causas paradoxais em nome da segurança.

Via Calma
O prefeito Rafael Greca ainda não tem posição firmada quanto à "Via Calma" que completou dois anos: os motoristas acham que os pedestres não se cuidam e os pedestres entendem que motoristas correm demais. Caiu o número de acidentes e também o de multas: até setembro elas chegaram a 40 mil contra 68 mil do ano passado.

Furto frustro
Em Antonina, um hacker invadiu o sistema da prefeitura e pediu dinheiro pelo material afanado. Só que havia memória de tudo, posto que os registros fiscais estivessem um tanto quanto afetados. Uma mistura de tecnologia com o tempo dos assaltos às diligências.

Recuo
A Prefeitura de São Paulo deu um tempo para a farinata e decidiu ampliar a massa de orgânicos na merenda escolar. A ideia do uso do composto produzido a partir de alimentos prestes a vencer está agora descartada do programa oficial. Em Curitiba, gestão Lerner, havia uma sopa derivada de produtos não aproveitados da Ceasa.

Folclore
Nos congresso estudantis da Une e da Upes, eram comuns os atritos entre direita e esquerda: Paulo Ildefonso Assunção, que chegou a ser promotor em Londrina, fez uma proposta no sentido de financiar a passagem de ônibus de estudantes pobres. Silva Té, o mais combativo dos oradores à esquerda, apresentou emenda aditiva – a que se fizesse o mesmo com os sepultamentos. Irritado, Paulo reclamou do deboche e Silva Té estranhou porque a sua proposição era transcendental e homenageava o primado do espírito porque, enquanto o outro pensava em transporte durante a vida, o seu projeto atendia o transporte depois da morte.