Decida por Cida
Se o estilo é o homem, como se costuma dizer, a peça mais relevante da sucessão no Paraná não é Beto Richa, ainda que alçado à presidência do partido, mas o maringaense Ricardo Barros, ainda ministro da Saúde, que pretende fazer a sua esposa, Cida Borghetti, que em breve assume o Palácio Iguaçu, como expressão da dinastia a reeleger-se.

Dias passados, uma reportagem nacional sobre o coronelismo paranaense, baseada em observações do sociólogo Ricardo de Oliveira, desvelou nossos traços oligárquicos que, aliás, vêm de muito mais longe. A ancestralidade não é de sangue porque muitos dos personagens que aí aparecem como os irmãos Dias e a própria família Richa são migrantes. Por sinal que, o migrante aqui levou a melhor sobre o peso ancestral quando Paulo Pimentel em 1965, em plena revolução militar, derrotou Bento Munhoz da Rocha Neto, mas reafirmando a liderança de Ney Braga, ex-cunhado, e que foi por ele lançado na política, primeiro como chefe de Polícia e depois como prefeito de Curitiba.

Por sinal que, quando Ney se elegeu governador venceu um migrante, Nelson Maculan, e também um da tradição, Plínio Costa, o qual como vice de Pimentel acrescentaria densidade à chapa vitoriosa. Hoje no pleito sucessório do Paraná, pelo menos até aqui, só tem migrantes, adventícios como Osmar Dias, Ratinho Júnior e Cida Borghetti. A aristocracia saiu de campo, a genealogia tirou o time.

O governo tem dois candidatos da sua base, mas pela badalação durante a convenção do PSDB, que lembra em muito aquelas concentrações do time de Michel Temer, com registro ou não de agenda, a paparicação em cima de Ricardo e de Cida, poderia indicar uma preferência pelo menos do momento e em função do palmômetro. Na história paranaense, há situações em que o excesso de candidatos na base do governo acaba mal. Isso se deu com Munhoz da Rocha em 1955 quando de sua base havia três candidatos o médico Mário de Barros, Othon Mader e Luis Carlos Tourinho e Lupion ganhou de braçada. Aí, a diferença de estilo entre Neu e Bento, aquele pragmático e intervencionista e outro sempre liberal ao ponto de sua base esvair-se nas ambições pessoais. Aí ,só havia candidato da tradição, inclusive Lupion, um dos poucos ricos da história política brasileira que quase foi à pobreza.

Decida por Cida é o apelo do maridão, mas até lá o quadro pode mudar e o Ratinho driblar a possível ratoeira.

Briga de esquina
Há uma diferença elástica entre uma guerra mundial e uma briga de esquina, mas a proposta de proibir o narguilé em locais públicos não capta o fato de o centro de Curitiba estar caminhando para transformar-se numa Rocinha, tal a folga da atuação do tráfico contra o qual reina a máxima impotência e que as batidas policiais apenas servem para confirmar a irreversibilidade do problema.

A não ser que estivéssemos diante de uma campanha de tolerância zero contra o vício, já agudamente vitoriosa em relação ao fumo. A pregação contra o tabaco é heroica: começou com as letrinhas miúdas que falavam das desvantagens do seu uso até atingir a proibição plena pondo fim aos fumódromos. No imaginário dos viciados o narguilé, ora interditado, é a metralha improvisada do Guevara suburbano.

Foragidos
A novela da rebelião na Penitenciária de Cascavel segue: dos 39 foragidos, que se valeram da confusão, três foram capturados: dois no Paraguai e um em Toledo. Adotado regime de exceção no presídio por força das circunstâncias novamente foi grande o prejuízo material, ainda que de menor proporção ao de quatro anos. Inserção do Depen melhorou o processo, mas ainda exibe fragilidades como se viu nesses acontecimentos e nas mortes em Piraquara.

Equilíbrio
Está equilibrado o painel financeiro das empresas de transporte coletivo de Curitiba que firmaram termo de ajuste com a prefeitura. A tarifa técnica está em R$ 4,06, próxima, portanto, do valor em vigor. Segundo o informe, a última tarifa, tida como a mais elevada do país, permitiu a recapitalização do Fundo de Urbanização e os esforços agora serão no sentido do financiamento mais apropriado da aquisição das novas frotas dentro de cronograma razoável. Havia um setor minoritário no governo empenhado na politização do tema, porém o que prevaleceu foi o bom senso. A origem do desajuste está nos cinco anos em que Beto Richa manteve a tarifa congelada, o que também não é conveniente lembrar porque de repente pinta de novo o subsídio do governador na reintegração metropolitana.

Folclore
Zé Dirceu não pode dançar que as câmeras indiscretas lá estarão para flagrá-lo, mesmo que a parceira seja a própria mulher. Isso me faz lembrar a frase indignada da figura popular o Esmaga, Alvino Cruz, mordedor da Boca Maldita, quando uma figura pública, que vivia há dezenas de anos em mancebia com uma senhora e resolveu casar-se de uma vez, criticou: "É um desqualificado, onde é que já se viu casar com a própria mulher!". Nos processos a que responde, Zé Dirceu já "dançou" várias vezes e não agiu como o Marin, ex-presidente da CBF, entregando Del Nero.