Versões contestadas
O Ministério Público estadual deu uma versão sobre o caso do procurador Choinski, que cuidava da Quadro Negro e acumulava outras atividades, ora fortemente contestada: ele se recusa a afastar-se do caso que envolve Legislativo e Executivo (Beto Richa, Rossoni, Traiano, Plauto Miró) e só o fará se documentalmente a hierarquia da corporação propuser a opção de suas atividades por escrito.

Já me referi à cultura que precedeu a Constituição de 1988 e que, de certa forma, nos Estados ainda conserva forte resistência sedimentar quanto ao papel do Ministério Público e o ritual normal é a cobrança de fidelidade às normas de cordialidade, que acabam feridas com a ação do Gaeco e de outras especializadas que levam a autonomia ao pé da letra, o que aliás qualquer integrante da corporação tem o direito de fazê-lo por força de prerrogativas inerentes à função.

Quanto mais mexer nisso ficará pior para todos dada a contundência dos relatos do dono da Valor e que se agravarão com o testemunho de Maurício Fanini, o operador, aquele que viajou com Beto Richa e esposas para o exterior. O governador pode até ser inocente e comprová-lo, mas não tem como negar sua proximidade com pessoas ligadas aos malfeitos, como neste caso com o mediador dos chunchos e no do fiscal Marcio Albuquerque Lima, seu companheiro de lazer automobilístico, apontado como chefe da quadrilha que assaltou o governo e empresários, já condenado em primeiro grau a mais de 90 anos de prisão.

Irônico é que o procurador, que age com tanta desenvoltura, é xará do governador já que se chama também Carlos Alberto. O que está longe, como se percebe, de uma aproximação.

Pegadinha
Uma pegadinha de Sergio Cabral em audiência com o juiz Marcelo Bretas, ao referir-se ao fato de a família do magistrado ter uma bijuteria, serviu de motivo para sua transferência a um presídio federal, ontem decidida por Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O informe foi interpretado pelo juiz como prova de que o réu não estava inteiramente isolado. Advogados do ex-governador entenderam como arbitrária a decisão e como extensiva demais a análise em torno da referência, talvez um repique às joias, essas de primeira linha, da H.Stern , vistas como meio de lavagem de dinheiro pela polícia e Ministério Público.

Os advogados de Lula tentam com provocações sistemáticas tirar o juiz Sérgio Moro de sua postura de equilíbrio para acusá-lo de perseguidor obstinado. Não se sabe que tipo de intenção animava Sergio Cabral ao referir-se a problemas familiares do juiz que acabaram sendo vistos como ameaça.

Know how
Com o acesso às redes sociais (ainda ontem o presidente Michel Temer nelas expôs um vídeo em que agradece aos deputados o arquivamento da segunda denúncia), tanto políticos como empresários têm um meio excepcional de defesa. Um dos que mais os utiliza, ainda que tenha sido o autor da lei do direito de resposta, é justamente o senador Roberto Requião. Hoje ter know how não é tão complicado: um amigo meu, o médico Paulo Mercer, foi abordado por um mendigo, na Boca Maldita, que alegava estar sem alimentos e precisava de um troco um pouco maior e por isso oferecia a maquininha para cartão de crédito para tranquilidade do cliente.

Cassação
Em Londrina, o pedido de cassação consumado do vereador Boca Aberta, em Maringá a prensa em cima do vereador Homero Figueiredo Lima e Marchese e, em Curitiba, os casos dos que foram acusados de ficar com parte da grana de assessores, dentre eles a vereadora Katia Dietrich, arvorada em defensora dos animais e cujos denunciantes foram ouvidos ontem. Pelo jeito, está aberta a temporada de "cassa". Depoentes confirmaram a prensa da vereadora. Até hoje, inclusive com longo período de prisão, tivemos o episódio do vereador Custódio que chegou a ser também deputado estadual e acusado do mesmo tipo de delito, o de rachar a verba dos seus assessores que levaram o caso ao Ministério Público.

Tráfico humano
Para dar andamento ao caso do menino encontrado no bairro da "velha" Cascavel, a Polícia Federal do Brasil espera agir em conjunto com a paraguaia para desvendar a hipótese, no caso, de uma gangue internacional de tráfico humano em função da prisão da mulher Maria Paraguaia no Paraná.

Biblioteca
Nossa Biblioteca Pública vive momentos excepcionais com a sua primeira festa literária em grande parte em homenagem à obra de Manoel Carlos Karam. Trata-se do primeiro evento do gênero em biblioteca brasileira como de resto a nossa, dirigida por Rogério Pereira, edita o único jornal mensal do país, o "Cândido", sucessor de "Nicolau". Lembra momentos como os havidos com Nancy Westphalen, Lamartine Corrêa Lira e o filósofo Fausto Castilho.

Folclore
O professor e criminalista Ildefonso Marques presidia a Federação Paranaense de Futebol e foi no seu tempo que contrataram juízes britânicos para o nosso campeonato. Numa reunião de um dos conselhos da Federação, dirigiu-se a um dos árbitros chamando-o de "senhor mister". Percebendo a redundância se desculpou: "Acabo de cometer um pleonasmo".