Finalmente Alvaro apareceu
Pela vez primeira, o senador paranaense Alvaro Dias aparece pontuando em pesquisa nacional e se não é muito o registro de 4% ou 5% também não é pouco. Essa pontuação em 2.772 sondagens em 194 cidades não deixa de constituir-se em amostragem rica e difusa o suficiente para revelar-se diluidora e capaz de definir alguma síntese. Seu "Podemos" está longe de expressar um novo direcionamento como aos que alude no exterior, de onde foi decalcado, mas pinta com um jeito quixotesco de novidade. O que lhe confere um ar sedutor de um pequeno exército Brancaleone, provocador e ousado.

Resta saber se não haverá como sempre um sinal de autofagia da terra e que faz parte, afinal, das nossas tradições. Ao longo do percurso, de governador, senador duas vezes e deputado federal aproximou-se e distanciou-se de muitos e pode ter gerado ressentimentos que como a pedra no poema de Drummond de Andrade é persistência essencial no caminho.

Alvaro Dias, embora com passagens no PMDB e o PSDB, do qual foi uma vez expulso por apoiar CPI contra FHC, expressa, por sua conduta pessoal, que pode ser visto como um diferenciado das gangues que atuam no pedaço por não ter liames com seus mais notórios comandos. Como apareceu nas listas, está mais aureolado como candidato e em condições plenas de levar a melhor no Paraná e dar também contribuição relevante à campanha do irmão Osmar Dias.

Acelerar o confronto
Pareceu aos senadores que acelerar o confronto com o Poder Judiciário relativamente ao caso Aécio Neves seria mais afirmativo à autonomia do poder do que postar-se com a elegância de um esgrimista de florete, como sugere o almanaque de boas maneiras e aguardar decisão do Pleno sobre questionamento levantado lá atrás por inconformados com o afastamento de Eduardo Cunha como presidente da Câmara Federal. Trata-se de risco calculado na relação mais do que tensa intrapoderes, marca do momento brasileiro.

O fato é que desde o atual presidente, Eunício de Oliveira, como o anterior Renan Calheiros, são alvos de denúncia pesadíssimas sem falar em Romero Jucá, também alcançado e agora com sua família no rolo do Ministério Público Federal, e por isso uma reação clânica, conquanto as suspeitas persistentes e comprometedoras, ganharia dimensões épicas e jamais seria tida como inconsequente bravata. Mediadores bombeiros, como não poderia deixar de ser, buscam saída menos traumática, mas os menos razoáveis têm tudo paras levar essa.

A decisão não estava tomada, mas na cabeça dos defensores da autonomia parlamentar eles estavam tão cheios de certeza com os sufragistas do referendo da Catalunha.

Referendo de araque
Uma coisa é Santa Felicidade separar-se de Curitiba ou Entre Rios deixar de pertencer a Guarapuava (na qual responde por 40% de suas receitas) outra é a luta histórica dos catalães por independência na Espanha. Pois agora os aventureiros do "Sul é o meu país" se valem do exemplo internacional para anunciar um novo simulacro de referendo no Paraná sobre o tema. O vereador Goura, que é um peripatético em sua marcha de ciclista, captou o tom ilegal da coisa e quer a intervenção do Ministério Público. Isso aí é que nem jogo de bolinha de gude à brinca e não para valer. Por sinal que, os textos constitucionais obviamente jamais amparariam seccionismos de qualquer origem, posto que tenhamos vivido algumas experiências como a da república farroupilha. Por sinal que, temos hoje, na ironia de Lula, a República de Curitiba, essa tão alegórica quanto a do "Sul é o meu país".

Seis suspeitos
Já são seis os suspeitos da morte do motorista do Uber em Piraquara, a resposta da autoridade foi eficiente e rápida, mas o meio de campo das averiguações está mais ou menos saturado. Agora, esses motoristas, que não gozam como os taxistas de mais segurança, reclamam apoio das autoridades. Uma das linhas das investigações, até pelo "modus operandi" dos marginais, é tentar estabelecer simetria com outro assassinato de motorista de aplicativo.

Racismo
Numa das lojas do Park Shopping Barigui, um caso de intolerância racial foi denunciado e a Central reprovou os acontecimentos como incompatível às suas normas.

As maiorias
Maioria do país (54%) quer ver Lula preso e 89% defendem o processamento de Michel Temer. Mesmo assim, a pesquisa Datafolha mostra Lula liderando todos os cenários eleitorais. Há um sinal de descrença no Judiciário quando 66% afirmam que o ex-presidente não será preso. Outra coisa: a corrupção no país continuará do mesmo tamanho depois da Lava Jato.

Folclore
Senado ameaça botar hoje em julgamento a decisão do STF sobre Aécio Neves e a medida cautelar restritiva: pelo jeito, em lugar de jogo de peteca teremos o do tacape. Pelo menos na aparência.