Mais delações?
O deputado Plauto Miró Guimarães contratou o advogado Antonio Figueiredo Basto, um dos maiores especialistas em delação premiada, e bastou isso para que o silogismo operasse: o de que partiria para a confissão premiada no andamento da Quadro Negro que já conta com a homologação do papo do dono da Valor pelo STF. Plauto foi listado na relação dos que foram premiados com recursos do desvio das obras escolares juntamente com Valdir Rossoni, secretário chefe da Casa Civil, o presidente da Assembleia, Ademar Traiano, Durval Amaral, presidente do Tribunal de Contas e o filho, deputado Durval Amaral, este como destinatário de recursos para sua campanha eleitoral. Amaral, pai, contesta a denúncia e a atribui a um ato de retaliação da empreiteira, cujos pagamentos bloqueou e adotou procedimentos punitivos, um dos quais, relativos a obras em Campina Grande do Sul, foi julgado dias atrás e com pesadas sanções.

O fato principal com relação à investigação judicial foi a prisão, semana passada, de Maurício Fanini, ex-superintendente da Fundepar, e acusado de ser o intermediário da operação, pela qual já estivera encarcerado por alguns dias. Pelo que se vê, dado o grau de comprometimento, muita gente se verá em condições de apelar à delação premiada, o que pode promover uma corrida interna por esse tipo de favor judicial.

Esforços do governo em sua defesa foram frutuosos ao mostrar que o empresário já havia aprontado anomalias em outras regiões e até ganho certificado de inidoneidade e que não teria iniciado aqui sua carreira e, na verdade, a encerrado. Isso não absolve a autoridade já que poderia ter se antecipado em obter informações públicas desse porte. Afinal, certificação de inidoneidade é gravame sério demais para ser desconhecido.

Em Brasília, na posse da nova procuradora da República, Raquel Dodge, o governador Beto Richa mostrou-se tranquilo como sempre ao tratar do tema, alegando que as iniciativas foram de sua administração para apurar responsabilidade. O fato, porém, é que é citado como um dos beneficiários do desvio desses recursos para a sua campanha de reeleição. Como é ainda na operação Publicano referido pelo delator Luiz Antonio de Sousa que parte da grana achacada de empresários pelos fiscais ter nutrido também aquele objetivo eleitoral.

Há interesse também da Procuradoria da República no processo pelo fato de que boa parte dessas obras visadas pela Quadro Negro incide em convênios com a União.

Ranking universitário
Saiu na edição de ontem da "Folha de S.Paulo" o ´ranking´ universitário que colocou a Universidade do Rio de Janeiro em primeiro lugar, Unicamp em segundo e USP em terceiro. Seguem a de Minas Gerais, a do Rio Grande do Sul, a de Santa Catarina. A Federal do Paraná aparece em oitavo, a estadual de Maringá em 24º e a de Londrina em 25º e a Pontifícia Universidade Católica, que em levantamentos internacionais aparece como uma das melhores do país, figura em 32º. A Universidade Tecnológica do Paraná está em 49º e a estadual de Ponta Grossa aparece em 53º, a Unioeste em 62º., a Unopar em 91º.

Confusão
Há uma confusão no Brasil por causa do peso da participação do Estado entre feitos da economia na ação regional no hábito de todos em se apropriarem dos chamados índices macroeconômicos como se decorrentes de efeitos do governo. O Rio está quebrado, mas o Estado continua a segunda potência do país. Tal se dá ainda com Rio Grande do Sul, com os cofres estourados e cujo comportamento ainda é o quarto em geração de renda no Brasil, da mesma forma que Minas, com quebra fiscal, ainda é o terceiro em economia. O Paraná ocupa a quinta posição como potência econômica, mas não está tão quebrado como os referidos, o que não significa que não tenha problemas e tanto os tem que não pode fazer concursos e muito menos nomear por estar com o caixa exaurido e na expectativa de enfrentar um drama com as aposentadorias estimadas, em curto e médio prazos, em 25% do quadro atual. Todos, de um modo geral, apostam na reforma da previdência para reduzir tantas aflições, mas essa é difícil passar.

Menos protagonismo
Até agora nada há que possa indicar da parte da nova procuradora da República, Raquel Dodge, um alinhamento que se desvincule da Lava Jato, cujos processos ainda estão vivos e pulsantes, mas certamente há a perspectiva de mais discrição e menor protagonismo. De qualquer forma não pode deixar e levar em conta expectativas da população quanto à luta contra a corrupção até porque não há como reverter processos em andamento. Há a preocupação de botar em evidência outros temas como questões ligadas a indígenas e minorias, causas cíveis no STF e direitos humanos. Na observação, a visão clara de que o leque das preocupações não pode e nem dever parecer monotemático. O público pode estranhar a substituição do calor da veemência por uma linha de discrição, porém isso não incide, é claro, necessariamente na perda de pegada.

Folclore
Seria maravilhoso se, de repente, todos se delatassem, mas na Publicano, como se viu. o maior punido até agora foi o delator Luiz Antonio de Sousa que pelo jeito temia mais ser condenado pelo crime de abuso sexual contra menores do que o delito fiscal.