Ritmos judicial e político
Como se aproxima o fim da missão de Rodrigo Janot como procurador da República, o ritmo das denúncias e andamento do fluxo judicial pode ser ditado por essa circunstância. O fato é que a derradeira representação contra Michel Temer dificilmente terá impacto semelhante à primeira, bem mais contundente.

Esperava-se ontem, encerrado o prazo da prisão provisória de Cândido Vaccarezza, um pleito de sua transformação em preventiva. Enquanto isso, iniciava-se o ritual do processamento do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldenir Bendine, flagrado em esquemas de propina com a Lava Jato em pleno curso e que alcança mais cinco indiciados. No chumbo perdigoto contra políticos, noticiava-se denúncia contra o líder do governo no Senado, Romero Jucá, na operação Zelotes (alcança também, como se sabe, Renan Calheiros e que trata de mediações no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) com manipulação até de Medidas Provisórias.

O ritmo no front político era mais intenso e pendendo para o governo na votação das reformas
(dentre elas a política e já no disparo a fiscal com o deputado-relator Luiz Carlos Hauly exibindo a minuta das propostas) também uma resposta forte da base aliada para revelar unidade e energia para o combate. Paralelamente a tudo isso, o presidente deu sequência em seu gabinete, juntamente com os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria do Governo, Antonio Imbassahy, às negociações com relação a cargos visados pela base aliada.

Como se vê não fossem os percalços judiciais, o governo estaria em lua de mel, tal a base de apoio de que desfruta, embora as contradições do PSDB, ameaçado de perder seus espaços na pressão exercitada pelo centrão.

Resposta
Resposta da natureza aos supremacistas brancos: o sol preto da eclipse com audiência máxima nos programas da Nasa.

Transporte judicializado
Enquanto não forem removidas as barreiras judiciais, o sistema de transporte coletivo da capital marchará para a inviabilidade, agora expressa no apuro de que a tarifa técnica alcançou R$ 4,03 quase se equiparando à que está em vigor. Dados que interessam aos empresários acabam predominando como se deu na questão da pesquisa origem-destino que gerou a ruptura da integração metropolitana por parte de Gustavo Fruet em desacordo com a taxa de subsídio que o governo estadual reconhecia. A Urbs diz discordar e ameaça recurso, mas quase sempre acaba em acordo com o oligopólio.

Uma das causas do desequilíbrio financeiro está no congelamento das tarifas por cinco anos na gestão de Beto Richa segue-se na inviabilidade de as empresas suportarem investimentos como o de renovação das frotas, sem a qual o modelo vai às cucuias. Só um tipo de intervenção técnica clarearia a questão: a perícia administrativa e judicial. Ademais parece indispensável botar o olho na derradeira licitação feita pelo sucessor de Beto Richa, mas por ele preparada. Não faz tempo o conselheiro do Tribunal de Contas, Ivan Bonilha, que, como procurador do município, orientou o certame, propôs e o colegiado acatou o processo de baixa impositiva das tarifas, medida afinal não acolhida no Judiciário. É contradição demais para o exercício minimo do raciocínio. Hoje temos dois sistemas que não funcionam: o metropolitano, aos cuidados da Comec, que tenta administrá-lo aos trancos e barrancos, e o de Curitiba em marcha para o colapso.

O racha
É muito comum nas câmaras municipais e assembleias legislativas o racha de salários de assessores. Até hoje a única pessoa punida exemplarmente foi o vereador Custódio da Silva que teve passagem curta pelo Legislativo estadual. Ficou longo tempo na prisão e exposto nos meios de comunicação. Agora, a vereadora Katia Ditrich, que se elegeu com a sua atuação em defesa de animais de rua, foi acusada dessa trama por seus ex-assessores. A documentação é tão clara que a denúncia foi acolhida de imediato pela comissão processante. Em discurso, a vereadora acusou seu suplente Zé Maria de ter montado a manobra, o que foi veementemente contestado com o argumento de que jamais teve qualquer problema em 12 anos de mandato quando na legislatura anterior renunciou ao perceber que poderia ser cassado por injúria racial contra o colega Mestre Pop que não aceitou suas desculpas.

O fato é que não são comuns as denúncias, uma vez que as partes se acomodam em termos de interesse, posto que haja o ônus fiscal nas transações. E é claro que a crise acaba nutrindo esse relacionamento desigual e safado.

Folclore
A vereadora que se elegeu como defensora de cães de rua acabou denunciada por assessores de que ficava com boa parte dos salários: um "cachorro" nas relações de trabalho como se diz vulgarmente. E a Prefeitura de Curitiba anunciou criação de abelhas sem ferrão em parque da cidade para a polinização das flores. Abelha sem ferrão só pode ser do PSDB mesmo quando se confessa cooptado em autocrítica.