Reação para equilibrar
Botando duas etapas simultâneas na rua, fazendo prisões e conduções coercitivas e executando mandados de busca e apreensão, a Lava Jato mostrou vitalidade e capturou o ex-líder do PT e ex-deputado Candido Vacarezza, trazido ontem mesmo a Curitiba. O momento exigia uma resposta da força-tarefa, em função da malha de contestações que vem gerando no Judiciário, expressa inclusive em algumas derrotas que indicam má inclinação.

Se isso não se desse junto com o fortalecimento político de Michel Temer, desencadeado com o arquivamento da denúncia da Procuradoria da República na Câmara Federal, seguida das manobras de reforma política tipo Distritão e financiamento público das campanhas, não haveria o que preocupar. Ocorre que o clima gerado, que transforma o presidente no salvador da categoria e gera uma expectativa negativa à apuração dos casos de corrupção, exige esse tipo de resposta e de medidas como a do enquadramento de Geddel Vieira Lima também por obstrução no cerco havido contra o delator Lúcio Funaro.

Vivemos um momento incomum da vida brasileira com esse choque intrapoderes, revelando o alto nível de informações gerado na mídia ou nas redes sociais. Quando Gilmar Mendes deu habeas corpus ao big empresário dos transportes do Rio de Janeiro, concessão elidida pelo magistrado que rege o pleito no Rio, noticiou-se que o ministro do STF havia sido padrinho de casamento do réu, o que dá uma ideia do intenso pingue pongue de informes, inclusive aqueles mais indiscretos como se viu na notícia de que a nova procuradora da República vivia numa mansão e recebia auxílio moradia o que a fez pleitear a sua extinção.

É também adequada ao meio a ação da Ordem dos Advogados do Brasil ao Supremo Tribunal Federal para que este intervenha no sentido de levar o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, a analisar o pedido de impeachment da entidade contra Michel Temer. Tal pleito foi solicitado em maio após a deflagração do caso JBS. O relator do caso no STF será Alexandre de Moraes, ex- ministro de Temer. Como se vê, uma panela de pressão com alto nível de concentração dos agentes envolvidos. Com as reações da Lava Jato, o jogo de forças está finalmente, para o bem geral, reequilibrado.

Avante
Cândido Vacarezza saiu do PT, no qual exerceu funções de liderança, e migrou para o PTdoB. Como agora ninguém quer identificar-se como partido mudou-se para Avante que curiosamente era o nome do jornal do fascismo italiano de Mussolini. O juiz Sérgio Moro, ontem mesmo, determinou o bloqueio de R$ 6 milhões nas contas de Vacarezza.

Os políticos acham que tirando o partido na designação das legendas estariam depurando a má imagem que é muito mais deles, políticos, do que dos respectivos grêmios. Político hoje, ante as revelações expostas, é visto como um procurado pela Justiça. Figuras como Aécio Neves e José Serra já não contam com a aura que os protegia quando saíram candidatos a governador e a presidente da República e isso se dá com os demais.

Outra saída é fingir que não é político, exemplo Jaime Lerner aqui e João Dória em São Paulo,. esse com maior consistência e tentando encarnar o anti-Lula .

Venda de títulos
Potencial construtivo foi algo que ganhou força quando dos acertos entre a prefeitura e o Atlético Paranaense na Arena da Baixada. Agora, o prefeito Rafael Greca pretende vendê-los em escala massiva para obter recursos para as obras da Linha Verde norte e que poderiam chegar até o valor de R$ 10 milhões. Pelo jeito, as empreitadas voltadas para esse objetivo, em vários ministérios, bateu na trave.

Santa coincidência
Um acidente no Contorno Leste - um carro bateu num caminhão que tombou - levou à prisão do autor num dos postos da rodovia por agentes do Cope e que estava com R$ 220 mil. O sinal da batida do veículo levou um motoqueiro a fazer a denúncia à polícia de que ele se achava num posto de combustíveis, lugar em que foi preso. Apurou-se que se tratava de presidiário foragido do Rio Grande do Sul e há a suspeita de que se trate de um dos que assaltaram o carro forte em Morretes. Uma ajuda providencial das coincidências num bom feito da polícia.

Bronca
Moradores de rua, em manifestação pública, denunciaram que sofrem pressões de guardas municipais inclusive com a retirada de pertences, como roupas e cobertores, o que afinal teria ocorrido na praça Rui Barbosa. Há o risco de haver um equívoco tal qual se deu em São Paulo em prejuízo do prefeito João Dória acusado que foi de lançar água no pessoal de rua, o que se comprovou não ser verdadeiro. Há o pleito desses moradores para que tanto a Defensoria Pública quanto o Ministério Público apurem a ocorrência.

Folclore
Paranaguá mitifica, quase santifica, seus tipos populares, estropiados ou bebuns como o genérico "Cai N'água" referido aos que andavam pela Rua da Praia e, por vezes, caíam no Rio Itiberê. Uma criaturinha, muito cultivada pela cidade, nascida sem braços e pernas, vivia num caixote pequeno onde recebia alimentos e era presenteado. O apelido era chocante, cruel, um contraponto à maneira como o tratavam cheia de carinho e proteção: "Croquete".