Beto absolvido
O governador Beto Richa não deixou de fazer uma autocrítica ao afirmar que a decisão da Justiça sobre o 29 de abril serve de exemplo para todas as partes envolvidas naquele tipo de enfrentamento. De fato, o dispositivo militar foi exagerado como transbordada também a arregimentação sindical, mas não dá para esquecer do lado bufo como o estabulamento da base aliada no camburão e da corrida do secretário Fernando Francischini fugindo de um manifestante que o desafiara para um corpo a corpo.

Parte do capital político acumulado com as vitórias no primeiro turno, por duas vezes, para prefeito da capital e governador foi sacrificada no episódio tanto pela inusitada violência do aparato bélico quanto pela traulitada no capital da ParanaPrevidência até aqui o único e verdadeiro ajuste fiscal nos R$ 2 bi anuais sacados dos seus cofres para amenizar dispêndios do Tesouro.

Quanto à decisão judicial, o Ministério Público vai recorrer convencido das razões que o levaram a pleitear a ação de improbidade contra seis integrantes do governo, dentre eles o governador. Nem os ventos novos da Lava Jato e Mensalão alteraram a cultura que temos de aceitar como fato consumado a reação oficial, mesmo quando desproporcional, a tumultos populares. E isso se dá principalmente nas unidades federativas nas quais é inimaginável o processamento de governadores em seus feudos. Por sinal que houve progressos, mais no Ministério Público em operações como a Quadro Negro e Publicano e a Justiça, de seu lado, vem sentenciando gente intimamente ligada ao governador, um sinal vigoroso de mudança.

Mais sinais
O avanço das vendas no varejo pelo terceiro mês seguido mostram que se adensam os sinais de recuperação da economia na melhora do emprego e também do consumo, esse injetado pela liberação das contas inativas do FGTS. No Brasil, a alta foi de 1,2% (junho/maio), no Paraná de 1,8%. De junho de 2017-2016 a expansão no Brasil foi de 3% e de 4,4% no Paraná. As cinco maiores altas foram em Santa Catarina 12,7%, Alagoas 11,3%, Pernambuco 8%, Amazonas 7,7% e Minas Gerais 6,7%.

Requião ruge
Registrando na mídia social que recebeu representação por sua expulsão do PMDB, Requião deitou e rolou no palanque e pediu, nada mais nada menos, que a expulsão de Eduardo Cunha e do senador Romero Jucá com quem teve trombada recente. No passado, Requião foi expulso do partido pela campanha contra Orestes Quercia ao criar o "Disk, Quércia" no Palácio Iguaçu, na maior cara de pau. No meio da refrega, Quércia definiu Requião: "Às vezes mais Louca do que Maria, às vezes mais Maria do que Louca". Depois voltaram às boas. Hoje o quadro favorece Requião na postura de opositor, mas a médio prazo leva a pior por não haver sinal de que o partido sofra queda em seu momento de hegemonia sob o comando de Temer. Se esse for ameaçado, aí tudo muda de figura. Quem pede a expulsão de Requião é a ala jovem que, por incrível que pareça, existe no partido.

De qualquer forma, um caso de justiça poética seria o PMDB nacional fazer com o Requião o que ele faz com os dissidentes locais.

Bebuns
Um estudo do Detran mostra que houve aumento de flagra de 44,9% de bêbados ao volante no Paraná. E que em Curitiba a correlação é pior ainda: crescimento de 122%. Como se vê, o registro de advertência na mesma escala do Criança Esperança na Globo é insuficiente.

Desvio de postos
O Procom representou contra 190 postos de combustíveis por haverem cobrado o preço futuro do combustível estocado. Vão ter que provar que não especularam e que só cobraram o novo preço em condições normais respeitando o abastecimento.

Causa própria
O clima atual, especialmente com as denúncias contra Michel Temer, favorece o mais amplo dos fisiologismos e tanto que já tem até a bancada do Refis, pessoal que condiciona apoio ao presidente no afrouxamento ao programa de dívidas. O relator da proposta na Câmara é o deputado Newton Cardoso Jr com dívida de R$ 83,5 milhões seguido do paranaense Alfredo Kaefer com R$ 52,8 milhões.

PIB melhor
Queda de inflação e de juros, melhora no emprego e no consumo levam analistas à previsão de PIB melhor no segundo trimestre. O pacote de austeridade anunciado pelo governo (com demissões de servidores e congelamento de salários) acompanhou a revisão do deficit fiscal de 2017 e 2018 que sobem de R$ 139 bilhões e R$ 129 bilhões para R$ 159 bilhões.

Folclore
Ruth Bolognese, a jornalista, está lembrando que logo após o massacre de 29 de abril um Beto Richa, mais contrito, apareceu na televisão pedindo desculpas pelo ocorrido; agora já com a sentença de absolvição na primeira instância acha que é hora de todos os envolvidos perceberem a lição de que não valeu a pena. No andamento do pacotão, pode revigorar o que há ainda de ressentimento.