Janot reage
"Encontros noturnos e fora de agenda do presidente revelam propósito de não deixar vestígios dos atos criminosos já praticados", foi a reação de Rodrigo Janot, procurador da República, à série de ataques que sofre de Michel Temer e do ministro Gilmar Mendes. O encontro-chave da denúncia é com Joesley Batista e agora a sequência de reuniões não pautadas formalmente parece colocá-las como um hábito, tal a frequência com que as adota, inclusive no caso da nova procuradora Raquel Dodge para acertar detalhes da posse, conforme ela própria relatou ao seu colega antecessor.

Janot não comentou, no entanto, a acusação de que age persecutoriamente em relação a Temer e se concentra no preparo de mais duas ações, uma por obstrução de Justiça e outra a de organização criminosa, chamada de "quadrilhão do PMDB". Parecem não ter o impacto da primeira, rejeitada pela Câmara Federal, e no momento, a ofensiva é do presidente, seus aliados e advogados, posto que o esforço para que o acusador suscite a própria suspeição se aproxima e muito dos esforços até internacionais que se fazem numa suposta perseguição de Sérgio Moro ao ex-presidente Lula, ambos argumentos extremos.

A preocupação em desqualificar Janot é de tal ordem que nos assuntos de economia interna do PMDB que próceres dissidentes regionais como Orlando Pessuti tentam levantar, e com sobras de razão, contra Requião acabam não levados em conta no momento e que ficam para outra oportunidade, menos diversionista ante prioridades mais dramáticas.

Requião não dá a menor bola para esse tipo de especulação, tanto que continua dominando o PMDB com pulso de ferro no melhor estilo bolivariano. Alem de tudo, sempre teve no PT uma base forte de apoio que costuma agir como dependente, apesar das aparências.

Pinçando indicadores
Atuais indicadores macroeconômicos positivos são pinçados sistematicamente pelo governo Temer para sugerir estabilização e desenvolvimento: o de agora o registro pelo quarto mês consecutivo de alta de emprego com carteira assinada, 35,9 mil vagas formais e que marcam a recuperação industrial, setor que mais contratou em julho. Dos 25 subsetores econômicos, nada menos de 17 mais empregaram do que demitiram.

No Paraná, foram abertas 952 vagas recuperando parte do saldo negativo de junho -3.561.
Outro indicador também relevante foi o IPCA em julho com inflação de 0,24% em 12 meses é o menor desde fevereiro de 1999.

Contra a reforma
Tanto a Fiep (Federação das Indústrias do Paraná), como a Faciap (Federação das Associações Comerciais e Industriais do Paraná), manifestaram-se contra a reforma política em gestação e a acusaram de, entre outras coisas, institucionalizar o caixa dois. Já no plano corporativo, isso é dos parlamentares, cresce a resistência ao distritão ao qual se atrelará o fundo público para bancar as campanhas. Vai dar muito pano pra manga.

Normalmente, as entidades conservadoras se distanciam de temas dessa ordem porque o nível de engajamento político ideológico é reduzido e não caracterizado como o de São Paulo em que dirigentes saem candidatos como se deu com Paulo Skaf. No momento, a Fiep, pela forte resistência à prorrogação dos contratos de pedágio, é que dá o tom diferenciado, mas não se percebe, fora daí, um esforço de maior participação no processo eleitoral. Um dos que tentou foi Rocha Loures, o pai do ex-deputado, mas numa disputa municipal em São José dos Pinhais.

Contra os cães
A empresa Leblon, que administra o terminal rodoviário de Fazenda Rio Grande, a pretexto de afastar os cães do recinto, decidiu acionar uma sirene para espantá-los e assim evitar acidentes como os ocorridos em outros pontos da região metropolitana. Bastou para que houvesse o protesto dos defensores dos animais e que hoje tem fácil proselitismo, como se viu na capital na eleição de duas vereadoras pela nobre causa.

Pacote
Já se viu que os supostos ganhos com o pacote fiscal mais recente mal chegam a R$ 200 milhões, a despeito do estrago que produz entre funcionários públicos a pretexto de regular, vale dizer restringir direitos, funções gratificadas, de conter aposentadorias e até mesmo institucionalizar "bicos" para policiais militares. Estudiosos estão lembrando que justamente nos horários de folga de milicianos é que há casos de morte como quando tentam intervir em ações criminosas.

Mestres universitários estarão na linha de frente para combater a suposta regulação de TIDE (Tempo Integral e de Dedicação Exclusiva), e a APP-Sindicato bem como outras entidades farão barragem no andamento da votação. Impossível evitar o desgaste e, junto com ele, a lembrança do massacre do Centro Cívico para marcar em Beto Richa, já em campanha por uma das vagas ao Senado, como se deu em 1988 com Alvaro Dias, episódio bem mais fraco, mas com uma contundente repercussão. É que os mestres especialmente nos comícios ocupavam a frente do palanque e ficavam de costas para mostrar hostilidade, hipótese que pode ser retomada em 2018.

Folclore
No Batel, um proprietário depois de sofrer demais com as pichações repintou o muro da mansão em branco. O gaiato deixou a inscrição discreta bem pequena : "Eta, murão bom!".