Um ajustinho oportunista
Curitiba demorou para regular a situação de aplicativos como o Uber, o que contraria a tradição de sair à frente em inovações urbanísticas notadamente aquelas vinculadas ao transporte coletivo. Já havia quebrado a cara na história do metrô, na qual se percebeu a decadência da massa crítica e da Urbs como mediadora, acentuada com a fixação sideral da tarifa. Não serve nem para regular o sistema de táxi muito menos o de ônibus: ou o sistema esgotou ou ela perdeu a utilidade operacional como cartório, tanto que durante todos os debates em torno dos aplicativos jamais emitiu, com um mínimo de segurança, um juízo de valor, técnico ou doutrinário, sobre a questão.

A flexibilidade e, sobretudo, o baixo custo do serviço acabaram se impondo como solução aos problemas da mobilidade urbana, mas também com a regulação (que virá acoplada a taxas e emolumentos, cobrança de ISS de 8 a 10 mil motoristas cadastrados) dá uma contribuição para contornar a crise fiscal sem fazer parte do pacotaço que já aprovou as normas essenciais, incluindo a bizarra do leilão das dívidas, o bloqueio a aumentos de servidores e a planos de carreira e ajuste no fundo de pensão. Beneficiários dos aplicativos chiaram contra a imposição obrigatória de emplacamento em Curitiba, o que fere a livre concorrência, obviamente centrada em razões fiscais porque prefeitura e Estado quebraram e urge faturar.

Cena loureana
Há quem veja na corrida do ex-deputado Rocha Loures com a mala cheia pelas ruas de São Paulo um experimento de vanguarda cinematográfica, "noir ou verité" de fazer inveja a Jean Luc Godard em "Acossado". Pois ontem quatro policiais, simulando com requinte os procedimentos investigatórios , inclusive giroflex acionado, e falsos mandados de busca e apreensão, tentaram roubar um empresário no Boqueirão. Denunciados, foram apanhados e a própria polícia acredita que, com o conhecimento dos integrantes da quadrilha, outras ações semelhantes sejam punidas. Divulgar a foto nesses casos não é execração, mas ação investigatória.

Outra cinematográfica foi em Piraquara onde uma equipe da Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas, que se encontrava em diligência no local, perseguiu um ladrão de automóveis em ruas de leito natural e teve que valer-se de um helicóptero para prendê-lo.

Alta na horta
Como decorrência das geadas abundantes, é grande o prejuízo da horticultura e agentes da Ceasa estimam que em breve haverá aumento de preços pela retração da oferta.

Turismo
O frio e sua paisagem, juntamente com expectativa de geada ou neve, ainda mais num mês de férias, motiva o turismo. As serras gaúcha e catarinense e Campos do Jordão, em São Paulo, ganham destaque. Mas Curitiba, até pela nevasca de 1975, se serve da imagem e tem razoável movimento na hotelaria. Quem se vale melhor dessa oportunidade são cidades essencialmente vocacionadas como Gramado e Canela no Rio Grande do Sul. Já localidades de menor porte, como Urubici em Santa Catarina, têm poucas condições de acomodação para atender a demanda. No Paraná, é idêntico o caso de Palmas, onde nevou.

Alerta
Em função das condições do clima, a Secretaria de Saúde alerta para que se adotem cautelas em favor de hipertensos e também em relação à gripe.

Picadinho
Na picaretagem em que se transformou o balcão de negócios por emendas e favores de variada natureza, a pretexto de salvar o mandato de Michel Temer, cada hora se sabe de algo mais acintoso. E isso num momento em que o governo decide aumentar tributo sobre os combustíveis para reduzir o rombo do orçamento. A perda do sinal mínimo de dignidade em que o presidente funciona como um corretor partidário está aí acintosamente exposta.

Tensão permanente
Já se percebeu na reação dos reitores das universidades estaduais que o governo tem que ser mais rígido do que nos seus confrontos com o professorado, diante dos quais só mostrou fraqueza e jamais teve peito de não pagar os dias parados, o que testaria o rigor sindical e lhe conteria a soberba. Só que lidar com reitores não é encarar sindicalistas aptos à ação direta, mas um exercício intelectual e doutrinário, teste de argumentação e pegaria mal se perdesse no debate, mesmo que leve a vantagem no exercício da força, como facilmente se prevê.

Bloqueio
Mais bloqueios de Sérgio Moro nas contas-correntes de Lula. Não escapou nem a previdenciária de R$ 9 milhões, da Brasil-Prev, aposentadoria suplementar. Essa persistência e pertinácia podem ser debitadas na argumentação dos advogados do ex-presidente, como perseguição, o inspetor Javert redivivo querendo a punição de Jean Valjean por ter roubado um pão.

Folclore
Já estava no terceiro noticiário quando um gerente comercial do Canal 12 me chama atenção para o fato de a apresentadora ter usado a expressão semafôro para semáforo. Repliquei na hora que aquilo era um desáforo. Para cair a ficha do trocadilho, levou meia hora, mas foi celebrado com alegria.