O foco do momento

O momento é importante para colocar figuras locais no cenário político nacional. Claro que o front ideal é no momento a Câmara Federal com os arranjos e desarranjos da substituição de componentes da CCJ, no caso três deles, manobra visível do governo para evitar surpresa no processo que pede o enquadramento de Michel Temer e cujo primeiro ato se consumou na leitura do parecer do relator Sérgio Zveiter. Trocas de componentes visaram justamente o aumento de garantias para o oficialismo encurralado.

Como nem todos dispõe desse ecoambiente adequado urge fazer algo fora desse palco e os senadores Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, e Roberto Requião, regional do PMDB, lançaram uma tal de frente ampla pelas diretas já, algo que se respalda nas pesquisas que a traduzem como aspiração nacional. Já o lançamento do Podemos que fará do senador Alvaro Dias candidato presidencial, que expressa antiga pretensão pessoal e que não colou enquanto estava no Partido Verde, mostra que os senadores estão buscando espaços que os deputados federais não têm, à exceção do ex-parlamentar, por seu desempenho na cena da mala, Rodrigo Rocha Loures, que o transforma em personagem-chave do drama nacional. O que estava em destaque era o Osmar Serraglio, esnobado no Ministério da Justiça e citado como um dos beneficiários dos chunchos revelados pela Carne Fraca juntamente com outros da representação paranaense nas delações do hierarca fiscal em cana.

Enquanto Alvaro Dias tenta a apropriação do modelo europeu de participação na França e na Espanha, com algum condimento dos teasers de Barak Obama, de difícil apreensão aos nossos padrões, Gleisi e Requião jogam com algo bem acima da transição com Michel Temer ou a de Rodrigo Maia porque é visível que o mais distante e utópico é que guarda mais charme nas controvérsias políticas e garante mais consistência .

Se Alvaro Dias sair candidato, terá, como as pesquisas regionais indicam, desempenho superior e mesmo que seja difícil a vitória em escala nacional será um aliado em dobradinha com o irmão Osmar Dias para governador paranaense. Requião, segundo as amostragens, tem boas possibilidades de se reeleger senador e Gleisi, se escapar da degola judicial, terá eleição fácil para deputada federal com excepcional votação pelo papel exercido em nível nacional. Na segunda vaga senatorial teremos, além do governador Beto Richa, outros menos cotados dependendo do andamento da sucessão estadual e acomodações em chapas. Se Richa ficar até o fim do mandato, tudo descomplica para Ratinho Júnior e a Cida Borgheti, vice-governadora, perde espaços. Aspirações, portanto, dos senadores paranaenses são prejudicadas pelo foco dominante da sessão da Câmara Baixa. É prioridade emergencial.

Degola confirmada

O garrote vil do proclamado ajuste fiscal (a peça essencial continua sendo o avanço em R$ 2 bi anuais do capital da Paranaprevidência, uma toalete nas contas públicas) segue seu curso com a aprovação ontem por 40 votos a sete da Lei de Diretrizes Orçamentárias que congela salários de servidores. Isso, certamente, será um teste para setores mais combativos como o pessoal da APP-Sindicato. Haverá também questionamentos judiciais em torno desse tratamento desigual e o desprezo às regras de isonomia.

Morte na fila

Em que pese o caráter prioritário assegurado à área de saúde pelo prefeito Rafael Greca, em pouco mais de dois anos tivemos o segundo caso de morte de paciente na fila. Esse na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Fazendinha. O caso anterior se deu na gestão Fruet. Caminhamos para uma nova rotina, comum em outras unidades federativas. É o Brasil descendo a ladeira, o Paraná não é o oásis dos marqueteiros.

Casamento

A Sociedade Garibaldi só pediu na semana passada a vistoria do patrimônio histórico nas adaptações que lá se fazem para o casamento majestoso da deputada estadual Maria Victória, filha do ministro da Saúde, Ricardo Barros, e da vice-governadora Cida Borgheti. Rumores do setor cultural contra a mexida na edificação tombada deram margem a protestos, mas parece que tudo soa como o mau momento vivido pelos políticos. Afinal, é uma tradição histórica aqui no Paraná e isso se deu com casamento de filhas de governadores como Lupion e Bento Munhoz da Rocha Neto.
Cida seria também, conselheira da Sociedade Garibaldi, o que se ajusta ao seu currículo de grande eleitora da comunidade italo-brasileira e que foi uma das batalhadoras da vitória de Renata Bueno no parlamento italiano.

Folclore

Casamentos de filhas de governadores ou políticos importantes sempre geraram especulações, como o que se dá agora com o da filha de Cida Borgheti, a deputada estadual Maria Victória. Quando do matrimônio de uma das filhas de Moisés Lupion com Rui Gândara a recepção foi no Castelo do Batel, pertencente à família, e a revista Guaíra fez reportagem agudamente crítica pegando inclusive alguns exemplares da nossa elite em atitude pouco aristocrática, o que agradou os pobres e irritou os ricos. Como aliás se dá no Nordeste com a patuleia vaiando o elegantíssimo desfile dos ricos, luta de classes meramente metafórica.