"Ninguém supera o possível novo delator até porque expressa como ninguém a classe política"

Olimpíada de delações

Qual a delação premiada com maior impacto e resultados: a da Odebrecht, a da JBS dos irmãos Batista ou a do Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara Federal e sicário de Dilma Rousseff? Nem no mundial de vôlei ou no campeonato nacional há tanta competição e equilíbrio na disputa por medalhas. Não pelo que sabe, todavia pelo que pode dizer, ninguém supera o possível novo delator até porque expressa como ninguém a classe política.

Cunha cita Michel Temer, ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha, núcleo duro do PMDB, e também o senador Romero Jucá e faz referência específica a pelo menos cem fatos. Esse, se o fizer, é o autêntico "Boca Aberta" e não o vereador londrinense, encaminhado ao cadafalso.

Mais rápido do que se esperava vieram as respostas da Polícia, do Ministério Público e da Justiça a um momento tido como frágil com a prisão do Geddel Vieira Lima seguida da negação de habeas corpus e da crise de choro que pode levá-lo a abrir-se também; a denúncia contra José Serra e a manutenção de processos contra Lula. É verdade que o lado da lei levou pancadas como as restrições às ações da Lava Jato.

Já no Parlamento o jogo é o da especulação, agora com a performance de Rodrigo Maia para presidente, insinuada pelo senador Tasso Jereissati como a melhor solução para conduzir a transição do país até a eleição em 2018. Até que ponto isso é verdadeiro não se sabe já que o balcão de negócios está aberto e há muita gente se valorizando.

Se sair a delação de Eduardo Cunha, é bem possível que as da Odebrecht e a da JBS, com todo o seu impacto, lembrem busca-pés diante da fissão nuclear.

Recuperação

Em lugar de ficar discutindo limites às delações ou fazendo discursos sobre a cota de bacanas presos, o Ministério Público Federal está usando um argumento fulminante para mostrar a eficiência da força-tarefa: em apenas 10 dias, recuperou para o erário R$ 1 bi de apenas três indiciados. E não entrou aí o repatriamento dos 20 milhões de euros do Renato Duque. Devolução de grana desviada, algo que jamais se deu no Brasil, aconteceu agora no vigor da Lava Jato. Estado de exceção é o que políticos e empresários faziam do país com os propinodutos.

Grafite

Um pouco da tragédia do futebolista brasileiro quando decai no caso de Grafite (um gol apenas em 24 jogos pelo Atlético Paranaense) que pretende a rescisão contratual e isso de forma desesperada. Na temporada anterior, tentou a ressurreição no Santa Cruz cultuado por sua torcida apaixonada. Com 38 anos, embora Zé Roberto, do Palmeiras, com quase 45, jogue o fino da bola, o caso (e o ocaso) mostram-se como sinais dramáticos.

Vacina

Está sobrando vacina contra a gripe e tanto que baixaram a idade como prioridade para os que tenham de 55 a 59 anos. Pelo jeito, não se chegou aos cem por cento nem na faixa prioritária.

Bordéis

Com a crise, cresce o número de casas de cômodos em setores decadentes da capital como simulacro de bordéis e a polícia e agentes de saúde fecharam vários deles: uma pousada (que estava interditada desde 2015 e assim mesmo funcionava) na Alfredo Bufren e um hotel na Rua Riachuelo (este por falta de higiene) mostra que a pretensa recuperação da via é apenas de fachada e a decadência está nesse tipo de atividade e no negócio de móveis usados. Só falta o retorno da casa Romeu de roupas usadas dos anos 40 e 50 do século passado.

Crise

Michel Temer na Alemanha no G-20 nega a crise brasileira dos 14 milhões de desempregados, de 85% das famílias inadimplentes e da deflação de -0,23. Fundo do poço, inexistência de consumo e o homem dissimulando euforia. Até o anúncio de fusões e incorporações (algumas ocorridas no Paraná na área do agronegócio) que movimentava o mercado sofreu brusca freada em função das incertezas com o governo Temer.

A crise, negada pelo presidente, levou Nelson Barbosa, ex-ministro, normalmente liberal ortodoxo, a defender a taxação de heranças acima de R$ 5 milhões. O dinheiro tem que vir de algum lugar e a moral do governo é baixíssima.

Pequenas empresas

Nada mais consagrado no Brasil do que o Sebrae que, apesar das suas qualidades, não impede a natimortalidade das microempresas em taxas intoleráveis. Na média paranaense, 41% delas (em Londrina chega a 53%) têm dívidas na Receita Federal, prova forte de que é preciso mexer fundo no setor.

Pressão

Movida pelo Ministério Público, a polícia especializada esteve ontem na Arena da Baixada para coibir o comércio de bebidas, constrangimento dispensável para tanta gente que veio de fora e não está nem aí na praça de origem com esse tipo de interdição.

Folclore

Desencadeada a Operação Lava Jato, aspiração máxima da classe política que ainda não desistiu da anistia do Caixa 2. Um jato nos fatos e a fauna é ressurrecta, esse um dos pontos da mobilização da canalha. Única resposta é mais gente enquadrada e presa. A Lava Jato é o bem, a classe política o mal, já que o maniqueísmo comanda o espetáculo antes que o Sérgio Moro vire vilão e o Sérgio Cabral se faça herói nacional.