Ação direta, mania da moda
Encerrado o primeiro round do pacotaço de Rafael Greca com a aprovação por maioria das quatro medidas mais urgentes - alteração da vigência do reajuste funcional, bloqueio dos planos de carreira, aumento da contribuição previdenciária e leilão das dívidas municipais - os servidores não se deram como abatidos e resolveram cercar e invadir a prefeitura. Fica afinal demonstrado que a ação direta de ocupações e confrontos opera melhor do que a greve, novamente aplicada mas sem alcançar profundidade.

Como o secretário de Segurança reconheceu que perderia a batalha no Palácio Rio Branco ou ao menos teria um maior número de vítimas, sugeriu a solução de transformar a Ópera de Arame em instalação legislativa como se não fosse obrigação constitucional a garantia de segurança e de funcionamento do poder, o que é inquestionável. Conforme a versão chapa branca, tivemos 24 acidentados, dez servidores, 14 PMs, alguns hospitalizados. Menos traumático que o plano do seu antecessor, Fernando Franceschini, no caso do massacre de Beto Richa contra mais de 200 pessoas.

Mas as vantagens pararam aí porque horas depois da suposta vitória administrativa tivemos o cerco e ocupação da sede da prefeitura. Aí, nova perspectiva de corpo a corpo e necessidade de resistência para evitar a desmoralização da prefeitura, origem dos conflitos, invadida e de forma selvagem. A ação direta, decorrente dos excessos de permissividade no país, se revela com o charme que a greve não tem: resistência civil com jeitinho de revolução. É que enquanto a greve, mesmo em áreas aguerridas como a do professorado e do setor de saúde, obtém baixa adesão, o confronto e o cerco, a ocupação e a resistência geram um clima próprio de heroísmo e sacrifício. E, é claro, uma dose também de martírio que induz multidões.

Como o problema fiscal alcança todos – e ele se dá aqui na conturbação em Colombo e na perspectiva de mexer na planta de valores imobiliários em Londrina -, será marca do nosso tempo provavelmente em escala nacional, um conflito que tem sido adiado e que se impõe como enfrentamento necessário. Pior será assistirmos à quebra de fundos de pensão, como a promovida pelo governo Beto Richa com o saque anual de R$ 2 bilhões anuais da até então vigorosa ParanaPrevidência ou de assistir ao drama de funcionários sem salários como se dá no Rio de Janeiro.

Autonomia auditada
Antes de recorrer ao Judiciário para impor às universidades estaduais o enquadramento à Meta 4, valer-se-á o governo estadual de uma providência importante do Tribunal de Contas numa auditagem geral sobre todas elas. O TC já se mostrou irmanado ao governo com o seu entendimento de que é obrigatória a remessa dos dados de movimentação financeira com pessoal. Cada vez que isso acontece o discurso dos reitores é o mesmo: exigir prestação de contas é agressão à autonomia, o que não deixa de ser um transbordamento conceitual.

Assim, o conflito vai ser em etapas e não a tapas, o que não ficaria bem para nenhum dos lados. Um porre de doutrina de um lado e de outro buscando ganhar o público e as universidades saem à frente não porque estejam com razão, mas simplesmente por que encaram o governo num momento de deterioração de expectativas e desgaste.

De auditagens recentes do Tribunal de Contas, uma das que mais ganhou simpatia foi a do sistema de transporte da cidade que culminou com o ato exigindo a baixa de tarifas para o qual o Judiciário não deu a menor bola. Em tempo de portais de transparência, as nossas universidades não permitem que seus gastos sejam identificados e corrigidos.

Palocci condenado
Se era ou não o "Italiano" da lista de codinomes da Odebrecht pouco importa, mas desde ontem Antonio Palocci é um dos condenados da Lava Jato em 12 anos. É a primeira sentença e virão outras que, talvez, o conduzam ao acerto da delação premiada. Um setor sensível da vida econômica do Brasil, até aqui de certa forma poupado, o dos intermediários financeiros, é um dos seus maiores alvos. Há quem veja nesse envolvimento mais um esforço voltado para melar a operação, como se setores nunca antes alcançados com um mínimo de vigor, como das empreiteiras e grandes corporações, não estivessem no índex.

Reação
O fato de a indústria paranaense ter aberto 11, 4 mil vagas nos cinco primeiros meses do ano põe em destaque não apenas o agronegócio como o setor de alimentos e bebidas e com uma forte inclinação de gerar mais vagas no interior, tendência acentuada ultimamente. Enquanto Curitiba e sua região metropolitana perdiam 1.700 postos de trabalho, cidades menores abriam 4.100 postos.

Folclore
Agora, em conflitos com sindicalistas, que ontem ocuparam a sede da prefeitura da capital, Rafael Greca é lembrado seguidamente por sua postura em 1988, quando professores tentaram invadir o Palácio Iguaçu e foram contidos, exigiu, aos gritos como deputado estadual, que abrissem as portas da Assembleia Legislativa para que a Casa os protegesse. Anibal Curi e Antonio Anibelli, cabeças da Comissão Executiva, viram ali um jeito de descomprimir a situação tensa, agravada pelo lançamento de bombas de gás lacrimogêneo da Polícia Militar contra os mestres. Ao permitirem a invasão pacífica do Legislativo, esfriaram a cuca de todo o secretariado de Alvaro Dias que, do alto do Palácio Iguaçu, assistia ao confronto.