Chefes e quadrilhas
Segundo o procurador Deltan Dalagnol, o chefe da quadrilha, exposto em caprichado diagrama, era Lula. Para o empresário e delator Joesley Batista, em entrevista à "Época", o chefe é outro: o presidente Michel Temer que, por sinal, vai processar o acusador. O que andará mais rápido: a apuração do crime contra a honra, a avaliação da intensidade do dolo em calúnia, injúria e difamação ou os procedimentos relativos à Lava Jato? Está aí uma temática pertinente para apurar a eficácia e a velocidade da Justiça.
Mede-se também aí a velocidade e firmeza dos fatos políticos e, certamente, a afirmação de que Temer processa o acusador marcou pontos na farândola palaciana, o que reafirma o fato de que o presidente, em que pese o astral e a situação de encurralado, está em contraofensiva e se der chabu nos ataques, o que é difícil, mas não impossível, repete a ficção do "Bem Amado", de Dias Gomes, relativa ao coronel Paraguaçu de Sucupira na glória ao anti-herói.
A resistência temeriana, que nada tem de temerária, é a saída possível para ganho de tempo e pilotagem das reformas, com apoio pleno do mundo financeiro respaldada num pragmatismo que é o oposto ao esforço de moralização em andamento, ao menos na perspectiva da maioria da população.
Um setor até aqui a salvo da onda investigatória é o financeiro privado (o público já aparece e chegando no BNDES ao lado da Caixa Econômica e Banco do Brasil, estes desde o mensalão) e da que poderia constituir-se na novidade da delação de Palocci, o que pintaria como mais uma das inúmeras tentativas de "melar" tudo, isso é quebrar a espinha da Lava Jato com apoio esmagador da classe política, em maioria absoluta mais do que envolvida. O setor financeiro tem a sensibilidade de uma sensitiva, tanto que até hoje não houve decisão judicial sobre os planos Bresser, Verão e equivalentes que isso traria impacto inimaginável. De repente, aquele argumento da estabilidade institucional do país, que teve fortíssimo peso no julgamento do TSE, nas invocações doutrinárias de Gilmar Mendes, seu presidente, acaba operando em faro de um setor estratégico da economia brasileira. Se o próprio Supremo Tribunal Federal está sendo colocado, por eventuais imprudências como as de ratificar, a três por dois, e isso em dobradinha com o Ministério Público Federal a onda punitiva, percebe-se que não há mais espaço para o corpo fechado de instituições vigentes. Será melhor para todos e, de repente, nem as expectativas sombrias se confirmam.

Paranoia
Depois da briga de torcidas, na qual o morto ressuscitou, tivemos ontem uma bomba na praça Santos Andrade: era um simulacro de arma desmascarado pelo esquadrão antibombas.

Tudo certo
Armado esquema completo para a votação hoje do pacotaço de Rafael Greca: todo o cuidado com a parte logística da garantia de funcionamento da Câmara. Única forma de reagir é a da obstrução parlamentar, revezamento de oradores, isso sem falar nas ações diretas de sindicalistas que dessa feita encontrarão mais dificuldades para agir. No front da greve há a constatação do fracasso: das 391 escolas apenas 29 fechadas e 18 parcialmente. Escassez de retaguarda, portanto, que leva a liderança sindical ir para o embate sem argumento.

Feriadão
Houve queda no número de acidentes rodoviários com o feriadão: oito mortes nas federais e cinco nas estaduais contra nove e sete do ano passado.

Terceiro turno
O deputado estadual Ney Leprevost entrou com pedido de investigação sobre o uso do aparato público, municipal e estadual, na eleição de Rafael Greca em apurações do Gaeco denunciado pelo jornalista Celso Nascimento. Uma das áreas empregadas para difamar familiares de Leprevost foi o setor de urbanismo da prefeitura por engajados eleitorais e cuja atuação no andamento da campanha ficou mais do que evidenciada. Em seu portal de comunicação, Rafael Greca disse ter ficado uma "onça" com seu ex-adversário. E ele, Ney, ficou como o amigo da onça.

Organizadas
Os choques de Curitiba de anteontem nas imediações do Couto Pereira levaram deputados ao bom senso de segurar o debate da volta da cerveja aos estádios. Além do ocorrido, que teve repercussão nacional, um estudo da Universidade do Rio de Janeiro, do sociólogo Maurício Murad, revela que em 92,3% das ocorrências entre agressores e agredidos há incidência de álcool ou drogas. Ministério Público reage à ideia de combater organizadas no fundamento de que é livre o direito à organização, mas obviamente não se permitiria no país a Ku Klux Klan, ainda que tenhamos algo terrorista e que negocia com os poderes públicos como o Primeiro Comando da Capital, nascido com o massacre do Carandiru.

Folclore
Uma das formas de combater a violência nos estádios é frequentá-los com a família e, sobretudo, crianças pequenas. Eis um exemplo que as organizadas poderiam dar: a ida aos jogos com filhos e sobrinhos pelo menos uma vez por mês. E alguns com os netos porque há muito "coroinha" no meio.