Quinto em tudo
Não sei se o indicador favorece o ego paranaense, mas o fato é que, embora não chegando à medalha de bronze, estamos em quinto lugar no Brasil tanto em renda como em corrupção. Ano passado festejamos, precipitadamente, a superação dos gaúchos em renda interna, o que nos tiraria do quinto lugar e nos daria o quarto. Bastou o informe para que os assanhados marqueteiros do governo estadual fizessem uso da entronização, conquanto se considerasse em série histórica que a diferença entre nós e a gauchada há muitos anos fosse mínima e por décimos e que em vários momentos ameaçamos emparelhar.
Nosso súbito desempenho em corrupção, pelo menos o mais recente que remonta ao mensalão e aparece robusto e vigoroso na Lava Jato, serviu para derrubar o arquétipo batido da timidez e nos levar a um protagonismo na cena nacional não apenas em função do juiz Sérgio Moro como de toda a força-tarefa aqui instalada. É claro que a situação das contas dos gaúchos, o que não é simétrico à sua economia, coloca mal o desempenho da estrutura estatal, ainda que a daqui, bem melhor, não seja uma Brastemp. O Paraná perdeu o seu banco regional e paga um preço elevadíssimo por seu saneamento, o que também se deu com sua unidade de fomento, o Badep, cuja liquidação extrajudicial foi pleiteada por Alvaro Dias. Mas o banco deve ter sido um dos fatores de todo o desequilíbrio gaúcho na medida em que financiava a ação política com aqueles rituais conhecidos como o de manipular depósitos judiciais que ficavam justamente nos seus cofres e facilitavam as operações.
O pior seria a ideia de jerico de transformar a Fomento Paraná em banco, o que já foi até pensado, a partir da correção residual dos problemas eventualmente pendentes do Badep. O Banco Central sempre teve uma doutrina sobre os bancos estaduais de um modo geral como produtores de moeda, imaginem a festa que andaria por aqui se ainda existissem os bancos comerciais e de fomento com esses cultores da prodigalidade.

Mais alerta
O Tribunal de Contas voltou a alertar mais 18 municípios por haverem ultrapassado o limite prudencial com gastos de pessoal. O mau exemplo vem da referência maior, o Estado, já com vários cartões amarelos a respeito e mesmo assim não se emenda.

Correção
Dados do Ministério da Saúde sobre mortalidade infantil que eram sob Fruet de 8,5 óbitos por mil nascidos vivos teriam subido no quadrimestre para catastróficos 13,2. Houve chio e também a correção: havia caído para 8,4. Para quem fez tanto oba oba com a saúde, o ruído foi meio poético.

Mutirão
Um mutirão de limpeza pública, no fim da semana em nossas praias rendeu cinco toneladas de material. A ação alcançou os principais balneários. O problema ainda é muito grave e exigiria mais esforços de mobilização.

Paranoia
O clima do "nós contra eles" está presente até nas disputas intrapoderes. A designação de Torquato Jardim, com trânsito no Judiciário, para o ministério da Justiça é normalíssima inclusive em relação ao julgamento da cassação da chapa Dilma-Temer no TSE do qual o indicado já foi integrante. Imagina-se mais uma tentativa de afetar a Lava Jato e é quase certo que essa continuará trazendo fatos novos. De outro lado, o pleito de Janot para que Temer seja ouvido no STF mexe no meio de campo. O governo federal usa o reformismo para tudo e segue mostrando vitalidade, e a classe política tenta botar no rolo a anistia ao caixa 2 e cerco à Lava Jato para reduzir-lhe o poder de fogo numa possível concertação. O apelo reformista dá o "gancho" mobilizador e até patriótico à iniciativa.
No meio da insanidade, uma notícia objetiva: Rodrigo Rocha Loures troca de advogado e, conforme a escolha, talvez opte pela delação, o que deixaria para trás Odebrecht e JBS pelas expectativas que geraria.

Desmatamento
Devastação da mata atlântica no Brasil foi de 57,7%, maior índice da década, mas no Paraná teria alcançado 74%. E o governo paranaense ainda quer acabar com o que restou em nome do acesso aos portos de Antonina e Paranaguá. Essa não é bem a escolha de Sofia, posta numa situação-limite, mas os pragmáticos usam aquele argumento inquestionável de que o que está em jogo é o desenvolvimento como se já não bastassem as inúmeras sanções que o governo sofreu por agredir o meio ambiente.

Folclore
Até agora, a despeito de toda essa roupagem de modernidade e tecnologia assumida pela Sanepar, seus institucionais, não houve um clareamento sobre a rede efetiva de esgotos e a respeito da interpelação do Ibama e outros organismos contra o lançamento de resíduos sem tratamento na bacia hidrográfica do Iguaçu.