Mais delação
Quando se pensava que a delação dos executivos da Odebrecht era o juízo final pintou a da JBS, bem mais condimentada e comprometedora, nos preparando para novas emoções. Eis que agora se especula a hipótese de uma do deputado federal Rodrigo Rocha Loures, diante da qual as outras parecem traque baiano ou espanta-coió.
Enquanto aumentam as reações ao procedimento do Ministério Público Federal na proteção a JBS, como se a contundência das denúncias estivesse acima de qualquer valor, há ainda o fluxo da Lava Jato, ontem ingressando no seu quadragésimo primeiro lance, o desnível entre crimes a apurar e punir perde no confronto com os fatos novos, especialmente, o das tramas atribuídas a Michel Temer e que de tão explícitas levaram a Ordem dos Advogados a pleitear o único remédio possível: o impeachment.
O presidente insiste em dar um tom teatral e avisa, como se tomado por vocação para o martírio e o heroísmo, reagindo, como se encarnasse o país e a Nação, afirma que o Brasil não vai parar. Só falta dizer, e haja cinismo, que os que o desejam derrubar querem apenas derrotar as reformas e se refere aos pequenos avanços em medidas provisórias e negociações como se fossem épicas e tradutoras de sua vontade em devolver o país ao desenvolvimento.
Todos os que caíram – de Dilma Rousseff, Delcídio do Amaral, Zé Dirceu a Eduardo Cunha- têm um que os empurrou ao cadafalso. De todos o mais cruel, pelo cronograma imposto no impedimento de Dilma, foi Eduardo Cunha, comandante em chefe de toda operação, que tocou como se fosse, ao mesmo tempo, Sade e Masoch. Hoje, humilhado no presídio e não sabendo se adere ou não à delação premiada, posto que isso em muito pouco o beneficiaria, assiste o peso da revanche, uma retaliação do destino. O presidente está vendendo a imagem do resistente, faturando de quando em quando uma circunstância que o favoreça, e mostra-se inabalável como se o seu papo com Wesley Batista nunca houvesse existido e de outro lado o capital, que queria tirar todos os frutos das reformas, embora levemente constrangido, lhe dá apoio na esperança de ampliar as suas vantagens no processo brasileiro.

A tragédia
O grau de previsibilidade dos especialistas em trânsito é sabidamente limitado. Uma equipe da Polícia Rodoviária Federal havia imaginado por causa da frequência de sinistros na BR-277, entre o Parque Barigui e a praça de pedágio de São Luis do Purunã, algumas melhoras na sinalização entre esses dois pontos, em função dos pontos negros aí dominantes, em ação voltada para proteção de ciclistas. Com a tragédia de anteontem, ficou visível que há outros pontos críticos, inclusive o próximo ao cruzamento com a fábrica de cimento Itambé. O tido como autor do acidente está preso e, ontem à tarde, em Campo Largo, aguardava a ordem de custódia. Hoje os delitos de trânsito na cidade ou estradas tendem a ser olhados como dolosos, tal qual se deu com o motorista de Colombo que arrastou um por seis quilômetros e acabou condenado, anteontem, em júri popular, a seis anos de prisão. Advogado hábil segura processos como se deu com Ribas Carli (oito anos) e, agora, no fim do mês, com o autor das mortes de um show no Jockey Club, ocorrido há dezoito anos. Pergunta-se: a exacerbação da pena ao capitular crimes de trânsito como dolosos reduziria a incidência?
Aliás, quem precisa ser reeducado é o motorista. A Copel informou que na batida de veículos em postes no Paraná provoca nada menos de 18 desligamentos por dia. Pior que tempestade.

Generosidade
O Paraná acaba de bater o recorde em doações de órgãos no quadrimestre com 149 medidas, a maioria em transplante de córnea, mas também de fígado e de pele. É preciso manter a campanha nacional de estímulo. Urge melhorar nossos padrões de solidariedade.

Queda
Expectativa de vendas para o Dia dos Namorados da Associação Comercial do Paraná é que haja uma queda de 2% em relação ao ano passado, descontada a inflação de 4%.

Baixa
Anunciam nova baixa de combustíveis nas refinarias de algo em torno de 5%. Para o preço baixar no posto, a viagem é longa.

Absolvição
O Ministério Público Federal (MPF) está inconformado com absolvição de Claudia Cruz, mulher de Eduardo Cunha, por Sérgio Moro e anuncia que recorre ao Tribunal da 4ª Região. Poucas foram as decisões não ratificadas pela instância superior, as que foram, inclusive, aumentaram a pena dos réus.

Folclore
0Alfredo Gulin, líder empresarial dos transportes coletivos de Curitiba, foi eleito deputado estadual um dia, orientado por assessor intelectualizado, fez um discurso sobre política nuclear. Maurício Fruet, o Pedro Malazarte de sempre, pegou o discurso e pediu aparte adiantando-se nos trechos que iriam ser lidos para deixar o orador às tontas.