Clima de beligerância
Outdoors com o ex-presidente Lula, trajado como presidiário, e com o dístico "A República de Curitiba o recebe de braços abertos" eram colocados ontem em vários pontos da capital e dão bem a ideia de como será o cenário no dia 10 quando haverá a audiência com o juiz Sérgio Moro. Também algumas exigências até quanto à forma de gravação da audiência são agora formuladas pela defesa no sentido de tirar da cena o tom que normalmente carrega contra os depoentes de um modo geral pelo menos na visão dos acusados.
É de esperar-se por tudo isso um clima psicossocial de cotejo de forças em desfile. Pra começo de conversa, haverá a disputa de quem reunirá mais gente, o que deve estar aquecido apesar do sinal de cansaço das últimas manifestações, incluindo a greve geral. A libertação de José Dirceu nesse contexto é celebrada face a precariedade de material defensivo do PT jogado às cordas em função das denúncias cada vez mais copiosas e, o que é pior, no aguardo de tantas outras como se viu na expectativa do testemunho do ex-diretor da Petrobras Renato Duque. E Dirceu, que mostrou admirável resistência na prisão, recupera, pelo menos parcialmente, o papel de Chê Guevara no imaginário de parte da militância, ao dar entrevistas e pedir uma virada à esquerda e a perspectiva de uma guerra duradoura com a direita.
Um tanto quanto desmoralizada pela corrupção, a legenda respira e, com isso, recupera boa parte do seu sentido de participação e engajamento. Num momento de perspectivas, cada vez mais degradantes, a força do "guerrilheiro" gera um fato político para a frente.
A trajetória de combatente do "ex-primeiro ministro" de Lula lembra um pouco do ocorrido com o lendário Abimael Guzman, condutor do "Sendero Luminoso", preso no Peru e contido nos seus impulsos. Um guerrilheiro de verdade contraposto a um que só existe no imaginário onírico da militância burocrática. Não deixa de ser uma contribuição para a batalha das ruas do meio da semana, mais fantasia do que realidade, o que não a impede de transformar-se numa face do horror pelo agudo radicalismo.

Cordão sanitário?
Está se reduzindo sensivelmente a presença de moradores de ruas: havia casos abusivos como o da ocupação de espaços na sede do HSBC, do Cabral, e agora se dá em áreas protegidas do Wal Mart no mesmo bairro. Isso se dá num momento em que a cidade registra um ataque a bombas contra dois deles no Rebouças e quando é preso em Camboriú o empresário que atirou contra um grupo deles na rua.

Suspeita grave
Depois de configurar-se como a maior da área de dengue e suas consequências, Paranaguá vive agora, na previsão de autoridades sanitárias, o drama agudo de possíveis nove casos constatados de chikungunya. Só a notícia já provocou mais alertas profiláticos.

Reações
Houve alarme em Curitiba em torno de pelo menos três casos de reações indesejáveis em pessoas que fizeram a vacinação contra a gripe. Em todas as campanhas há um percentual mínimo dessas ocorrências que acabam esclarecidas, como se deu ontem, pela autoridade.

Melhora
Entidades do comércio varejista prevem, depois de três anos de recuo dramático, melhora de 1,5% no movimento do Dia das Mães.

Chuncho & know how
Cara de pau não tem limite e o Ministério Público Federal o demonstrou ao denunciar verba legalizada nos roubos da Petrobras pela Lei de Repatriação.
O pior é não há com fixar ressalvas seguras contra esse tipo de manobra e já se anuncia um novo período de repatriação. Se a moda pegar, vai gerar um problema extremamente complexo e abrindo, de forma obrigatória, um novo tipo de investigação especializada.

Questão fechada
Não está ainda fechada a questão do voto pela reforma previdenciária. O PSDB afirma que só o fará se o PMDB, mais fisiológico por tradição, assumir tal compromisso. Como o PMDB é o partido do presidente Michel Temer, a pendência fica fragilizada e sem solução.

Abriu tudo
Embora não haja perspectiva próxima de delação, a fala ontem dom ex-diretor da Petrobras Renato Duque foi pesadíssima, uma vez mais, para o sistema.
Foram quase tão agudas quanto às da Odebrecht.

Folclore
Emílio de Menezes, paranaense ao lado do historiador Rocha Pombo a figurar na Academia Brasileira de Letras, é mais conhecido por seus saques humorísticos, mormente trocadilhos, do que por sua bem construída poesia parnasiana em transição discreta para o simbolismo. Ele entra num aviário e um cliente o provoca: "É milho!".

Replica com, um:
"Não se evada (cevada)!". E lança-o sobre uma cadeira com o grito: "Sentei-o! (centeio)".