Lava Jato sob abalo
Com a aprovação unânime do substitutivo do senador Roberto Requião na Comissão de Constituição e Justiça do Senado sobre abuso de autoridade, a Lava Jato sofreu um forte abalo até porque a força-tarefa que a integra tomou posição militante tratando-a como, e de fato é, retaliatória. Outros abalos menores anteontem vieram com várias concessões de habeas corpus em favor de João Carlos Genu e José Carlos Bumlai, que pode sinalizar um ciclo de revisão em torno das prisões alongadas "que se determinam em Curitiba", como asseverou em fevereiro o ministro Gilmar Mendes.
Havia, aliás, uma tendência, captada por observadores, de beneficiar também o ex-ministro José Dirceu, preso desde agosto de 2015, o que se verificou no bloqueio por parte do ministro Edson Fachin ao recebimento desse pleito, prevalecendo o ponto de vista majoritário dos seus colegas da Segunda Turma, mas o exame de mérito da pendência acabou transferido para outra oportunidade.
Tanto a aprovação da lei de abuso de autoridade, que deve passar no plenário, dada a linha arregimentada da classe política, como as concessões de liberdade infringiram revés a Sérgio Moro e à força-tarefa da República de Curitiba. Esperança agora é uma interpretação judicial fulminando os dispositivos considerados inapropriados do novo diploma legal, o que manteria o aguerrimento daquilo que vem se configurando como um choque entre poderes na sequência de tantos eventos, como os do impeachment de Dilma Rousseff e a preservação dos seus direitos políticos e do impedimento de Eduardo Cunha na Câmara Federal e de Renan Calheiros e a posterior sustentação no comando do Senado.

E o foro?
Juntamente com o abuso de autoridade, foi aprovado o projeto de Alvaro Dias restringindo o foro privilegiado aos chefes de Três Poderes de Estado. Medida mais afinizada com propósitos da Lava Jato e decorrência de suas revelações e, portanto, oposta radicalmente a do abuso de autoridade.

Mais alerta
O Tribunal de Contas já fez alerta seríssimo sobre a superação do limite prudencial de gastos com pessoal no Executivo e agora acaba de referir-se ao mesmo tema na Procuradoria Geral de Justiça. É mais um ensinamento em torno das "autonomias orçamentárias" como a que é pleiteada, historicamente, pelas universidades estaduais. Numa análise sobre o tema na gestão José Richa o secretário de Planejamento, Belmiro Valverde, mostrou que numa dessas unidades havia uma centena de jardineiros para acentuar a irracionalidade de gestão.

Alerta
A súbita mudança climática para o frio a partir de hoje e continuada amanhã é fator de alerta da Secretaria de Saúde para a vacinação, o quanto antes, contra a gripe e isso não apenas para as faixas etárias contempladas na campanha de imunização.

Ainda a OAS
A OAS não consolidou apenas a culpabilidade de Lula no caso do tríplex, em função da delação do seu ex-presidente Léo Pinheiro, mas agora ameaça disparar no fundo de pensão da Caixa Econômica Federal, o Funcef, e também casos envolvendo membros do Judiciário. Até agora outras empreiteiras entraram pouco no tema delicado.

Fase ruim
O PT teve que cancelar sua eleição interna em cinco cidades paulistas após denúncia constatada de fraude. São elas Arandu, Brotas, Uchoa, Platina e Catanduva. Quatro mortos estavam na lista de Arandu e mais quatro na de Catanduva. Outros falecidos foram listados em Brotas, Uchoa e Platina. Um vídeo com militante carregando uma urna antes do encerramento da votação foi mostrado em Catanduvas pela corrente "Muda PT". A bandeira ética dançou há muito tempo e dá para lembrar dos versos condoreiros: "Antes te houvessem roto na batalha// do que servirdes a um povo de mortalha".

Greve geral
Greves gerais não se dão bem no Brasil, mas essa contra as reformas trabalhista e previdenciária tem chances. É que será beneficiada, no caso de Curitiba, pela adesão do Sindimoc, de motoristas e cobradores. Esforços eram feitos ontem por empresários no sentido de obter no Judiciário a imposição da frota mínima. Greves no setor de transporte dependem desse fundamento para metroviários e ferroviários, por exemplo.

Folclore
Liberalino Estevam vendia quadrinhas em tempo de campanha eleitoral e na havida entre Bento Munhoz da Rocha e Paulo Pimentel, em 1965, orquestrada pelo governador Ney Braga fez uma a favor de um lado e outra pelo outro: "Não assopre contra o vento// que o vento não tem lei// seja Bento cem por cento// mil por cento contra o Ney!". Para o adversário, emplacou outra: "Nessa era tão moderna// e de tanta confusão// Paraná não se governa// com uma garrafa na mão". Tratava-se de um caricatura, sabidamente não verdadeira, de que Bento bebia, imagem criada por jornalistas adversários como Barros Cassal da coluna
"A Ferro e Fogo", do jornal "O Dia".