Haja contrainformação
O encontro histórico, espera-se que não seja histérico, entre Lula e Sérgio Moro é alvo de boatos normais e paranormais e ontem assoalhava-se por aí, com o uso das redes sociais, que a audiência tinha sido transferida para no dia 10, uma semana depois do acertado. O saque foi desmentido pela Justiça Federal e imediatamente tivemos a especulação, de um dos lados da contenda, como recurso de contrainformação para desmobilizar o agito programado pelas falanges à direita e à esquerda que pretendem tomar de assalto a cidade.
Ora, só a convicção de que um lado está mais forte do que o outro, o que não foi pelo menos até agora checado, poderia levar aquele com menor ânimo a tentar pela boataria reduzir os níveis de polarização, sabidamente fortes e olhados, pelos dois lados, como decisivo, batalha final, o que está longe de ser verdadeiro, pelo fato de que o mito das barricadas entre nós tem extrema dificuldade de funcionar. É claro que em 1964 os governistas que se diziam de esquerda, mas eram tão nacionalistas como Marine Le Pen, maior símbolo da direita, desafiaram os seus adversários à batalha das ruas. Fizeram-no com o comício das reformas (o oposto em termos de classe ao pretendido por Michel Temer) na Central do Brasil com público de 350 mil a 400 mil pessoas e duramente respondido com as passeatas de catolicões "Com Deus e a Família pela Liberdade", que punham um milhão de aficionados em desfiles nos grandes centros com apoio da CIA e até de pregadores ianques, como o Padre Peyton, e tudo interpretado como sinalização para o golpe e a intervenção militar, o que era nutrido pela Guerra Fria, ainda mais aquecidos pela vitória da revolução cubana e a sua adesão à União Soviética e satélites.
Não temos Guerra Fria, embora a sequência de bravatas de Trump e do norte-coreano Kim Jong-un e a existência concreta do terror universalizado, mas o radicalismo – o nós contra eles - é o paradigma do momento nacional. O tempo não é um bom aliado das esquerdas a não ser para os filósofos deterministas (que por sinal não abrem mão do voluntarismo), especialmente com os relatos dos delatores da Odebrecht e de outras empreiteiras. O fato é que as circunstâncias criaram para Lula não apenas a obrigação da defesa como simultaneamente a de colocar a sua candidatura presidencial, única saída para o grupo que o acompanha.

Ainda mal
A mensagem da LDO, Lei de Diretrizes Orçamentárias, chegou ao Legislativo e revela que o sonho da recuperação fiscal ainda está distante: dos R$ 55,7 bi temos R$ 33 bi de tributos, 0,28% menos do que o previsto. Continuamos a gastar mais do que arrecadamos e desse mal não nos livraremos tão cedo. A redução da sobrevida da ParanaPrevidência para um espaço atuarial de menos de vinte anos é dos fatores o mais perturbado em termos de sinistrose.

Vulnerável
O ataque na semana passada ao shopping em São José dos Pinhais e ontem outro no Extra do Cristo Rei para roubo de celulares e eletroeletrônicos mostra que até agora, tanto aí com no caso da explosão dos caixas eletrônicos, tudo continua na mesma.

Derradeira hora
No passado, o contribuinte aguardava ansioso o adiamento da entrega da declaração, o que levou a Receita a cortar essa comodidade acumulada no tempo. Mesmo assim até agora somente 40% preencheram os documentos, o que indica que o hábito de deixar para a última hora persiste o que não é nada bom quer para o contribuinte quer para os contadores. O prazo se encerra neste fim de semana.

Autocrítica
Está na hora do torcedor londrinense fazer uma autocrítica em relação ao seu comportamento com o Tubarão: a advertência de que caiu consideravelmente a média de público da conquista do título paranaense para cá serviu para levar mais gente ao jogo contra o Atlético Paranaense que poderia, no entanto, ser mais expressivo e com isso gerar embalo para a disputa nacional que virá. Essa identificação entre a cidade e as referências esportivas e culturais é impositiva como um traço digital. Não cultuá-los é deserção.

Greves gerais
O Brasil não tem boa tradição de greves gerais: a última sobre jornada de trabalho, por falhas das centrais, não se deu bem. A de agora pela agudeza dos temas – reforma da Previdência e da legislação trabalhista, fortalecida pela terceirização - teria, teoricamente, fundamentos para ser bem sucedida mesmo com a falta de maior entrosamento e articulação entre as centrais. Num ranking de potencial grevista aqui nem metalúrgicos ou bancários superam os pós- graduados da APP-Sindicato e que, certamente, darão o tom mais agudo. Bom de greve, mas ruim de nota no Enem.

Folclore
A maneira como se divulga o que ocorre nas delações premiadas da Lava Jato é de um sentido tão generalizante em negatividade que iguala um Sérgio Cabral com Beto Richa, quando não há qualquer sentido em paralelo tão absurdo. Não há uma dosimetria para aferir níveis de culpabilidade e bastou sair na lista para o denunciado ser visto de forma satanizada . Pelo jeito vai demorar muito para que haja alguma pasteurização nesse processo.