Falas cruzadas
O presidente Temer fez o máximo aproveitamento da sua entrevista na Band, mas não esperava a contestação da cadeia por parte do Eduardo Cunha que o acusou de haver agendado a reunião com a Odebrecht que tratou da propina. Fica aí demonstrado que falar numa cadeia de televisão pode ser menos relevante do que uma fala da cadeia, bem melhor que a do túmulo, também já imaginada.
Agora, insinua-se que o Antonio Palocci, um dos ex-ministros "italianos", outro era o Mantega, cogita de uma delação com Polícia Federal e Ministério Público sobre bancos como operam, como agem. Só falta alguém entregar o Judiciário, e dizem que o interessado seria Sérgio Cabral. Essa intervenção do Cunha é uma amostra do que teríamos com sua delação premiada.
Ontem, os delatores e marqueteiros João Santana e Mônica Moura relataram sua participação que Dilma já disse ser fantasiosa. Aliás, a virtude e a verdade estão com denunciados, tal o ar de dignidade ofendida que ostentam, e não com delatores e investigadores, cada vez mais com jeito de justiceiros.
Assim é, se vos parece, como dizia Pirandelo: essas falas cruzadas, para destrinchar, levarão muitos anos e, de repente, embora sua importância, sofrerão estresse, fadiga do material e encherão o saco do mais cívico dos cidadãos. É cloaca demais para um só momento.

Contraofensiva
Governo Beto Richa quer esperar o fim dos depoimentos, relativamente a doações tanto da Odebrecht como de outras fontes, para uma linha de defesa que não se limite à declaração clássica de que tudo foi aprovado pela Justiça Eleitoral. O apego na não contrapartida no caso da obra da público-privada da Odebrecht, que não saiu do papel, é uma linha de exercício de lógica e em cima de hipóteses (percepção de vantagem futura no preço do pedágio) não consumadas. O chato é a saída repetitiva de tudo na televisão, nas rádios, jornais e redes sociais com as consequentes e inconsequentes explorações. Políticos estão todos no paredão e aí é inaplicável o alerta bíblico de que muitos serão os chamados e poucos os escolhidos, a maioria já está previamente condenada na cabeça do povão, ainda que a perspectiva de pizza não esteja totalmente afastada, posto que alguém tenha que pagar pela craca excessiva.

Leilão
Está marcado o leilão, por pregão eletrônico, de um hotel em Salvador, Bahia , pertencente ao doleiro Youssef para o dia 26 deste mês.

Multa
Justiça americana manda a Odebrecht pagar US$ 2,6 bilhões em três países, a maior parte no Brasil. Dentro em pouco quem não tem dinheiro pra comparecer nas audiências é, como já se deu com vários delatores, a própria cúpula da empresa.

Mais alerta
Pelo menos mais 20 municípios sofreram alerta do Tribunal de Contas sobre a ultrapassagem do limite prudencial com gastos de pessoal. Se a advertência é feita ao Estado, não será justo esquecer os municípios, antes muito mais fiscalizados.

Teste
Como é notória a aproximação de áreas do governo com as concessionárias do pedágio por uma prorrogação contratual, o deputado Nereu Moura quer punir a formação de filas nas praças, cujo fundamento estaria em normas nacionais e a fiscalização caberia ao Departamento de Estradas de Rodagem e não à Agência de Regulação. Visível que a matéria não prospera até porque hoje o líder Luiz Claudio Romanelli não forçaria a passagem do seu carro para não pagar a tarifa, como fez em tempos idos e não sofreu qualquer punição e até olhado como herói da causa.

Medicamentos especiais
Mais de dez mil ações judiciais, garantindo o fornecimento de medicamentos especiais a doentes, foram até agora registradas no Paraná, estatística tão grave quanto à do pleito de tratamentos no país e no exterior.

Barricadas
Teremos em maio um palco de barricadas em Curitiba com audiência de Lula diante do juiz Sérgio Moro. Não será a primeira situação-limite do sindicalista, pois no segundo debate com Fernando Collor levou a pior quando havia ganho o primeiro com grande vantagem e ainda prejudicado pela edição parcial e pouco honesta do evento pela Globo. A circunstância de o juiz ter exigido a presença de Lula nos 87 testemunhos, que foi repudiada como arbitrária por seus advogados, certamente não determinará a presença da massa nas ruas durante tanto tempo. Será inevitável o choque entre apoiadores da Lava Jato e de Lula já marcado para o dia 3 de maio na república de Curitiba.

Folclore
Alício Ribeiro da Mota, deputado do Norte Pioneiro, está na tribuna do Legislativo e se empolga tanto com a própria oratória, advertindo-se em voz baixa "sossega, leão!". E deu para ouvir com nitidez a recomendação pouco discreta. Autocrítica em movimento.