Corrida pela inocência
Enquanto a Lava Jato amplia o número de indiciados observa-se, paralelamente, em sentido oposto, da parte dos defensores um esforço para obter o arquivamento ou absolvição sumária dos acusados. Entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, aí facilitado pela prescrição e a idade provecta, e o nosso ex-senador Osmar Dias, cujo relato deixaria claro que a tal doação referida era originária do Diretório Nacional do PDT e, portanto, regular, não tendo sentido a referência ao seu nome, ainda que beneficiário.
Apesar do rolo compressor das delações e apoiadas em respectivas planilhas, se ocorrerem tais incidentes nada abalará a linha geral das investigações e julgamentos, mas abrirá, sem dúvida, uma perspectiva para avaliação, melhor dosada, dos procedimentos que se obtidos rapidamente o que pretendem mostrará que, a despeito das aparências em contrário, há espaço para a defesa. Como, aliás, já não bastasse a questão da passagem do tempo e o ritmo frágil dos rituais do Judiciário.
Das denúncias contra Beto Richa, uma em que é impossível comprovar contrapartida pelo simples fato de a obra não ter sido feita, cabendo-lhe apenas o ônus – e político - da suspeita suscitada como aquela da Publicano, sob investigação do STJ, centrada no depoimento do Luiz Antonio de Souza de que dinheiro achacado pela gangue fiscal teria drenado a campanha da reeleição. Aí, caberia o conceito do testemunho único, testemunho nulo.
O detalhamento das delações continuará empolgando a população, que torce pelo fim da impunidade, e muitos verão nos bilhões roubados a causa mais imediata dos desníveis sociais e até da nossa miséria pela evidência de que o desvio da corrupção poderia assegurar serviços hoje não prestados, como o demonstrou ontem o "Bom Dia, Brasil", reduzindo o afano em número de escolas, serviços de saneamento básico, de habitações populares, de prisões, de estradas e até de cestas básicas aos desvalidos. A firmeza da primeira instância contrasta com a lerdeza da superior e isso alimenta esse sinal de ceticismo que ainda paira em torno do final da novela.

Pedra no caminho
Tivemos uma safra de grãos excepcional, mas há pedras no caminho que não são exatamente a poética de Drummond: estradas que brecam o escoamento da produção em vários pontos do país e agora o temor, levantado pela FOLHA, de não haver condições de armazenamento ainda mais quando chegar a hora de estocar o milho safrinha . De outro lado, os preços pouco satisfatórios da soja nos mercados tende a levar produtores à espera e com isso saturar os espaços disponíveis de armazenagem.

Quase bronze
Na Olimpíada da homofobia, Curitiba, dentro em pouco, chega à medalha de bronze no ranking, segundo ONG da Bahia. É a quarta do Brasil em assassinatos homofóbicos, daí ser meritória a resistência de parte apreciável da população em favor de casal homoafetivo que foi molestado por vizinhos preconceituosos. Uma promotora, Mariana Abagge, encarregada da área, ligou uma coisa à outra e a relevância do processamento dos agressores e espera afinar mais e especializar as estatísticas com metodologia adequada para que não se mascare a gravidade da questão e haja maior consciência do assunto.

Reprovação à vista
As últimas manifestações do Tribunal de Contas em relação à ultrapassagem do marco prudencial de gastos com pessoal e mais as contundentes afirmações sobre o horizonte atuarial da ParanaPrevidência em menos de vinte anos são indicadores de que as contas do governo terão mais dificuldades do que as observadas em anos anteriores e que se expressarão em votos pela desaprovação e não mais limitadas a restrições doutrinárias.
Também o município de Curitiba é alvo de advertências graves do Tribunal no caso da irregularidade contratual da prestação de serviços de radares, em caráter provisório, pela Consilux , alertamento já feito ano passado e agora ratificado.

Safra de sangue
Imprudência de motoristas mais as más condições de nossas rodovias justificam a elevada taxa de mortalidade do feriadão com 13 mortos nas federais.

Folclore
Ações da Sanepar na bolsa sobem e descem e, por isso, vão ser observadas pelo Ministério Público estadual. Governos olham de forma diferenciada para o assunto: Requião achava que a atenção a acionistas era exagerada e a administração atual, como a anterior de Lerner, entende que a capitalização da empresa é garantia de bons serviços: um continha a tarifa, e até as congelava, e processava os acionistas, outro não.