O primeiro susto
Até aqui o primeiro susto da classe política paranaense, com forte presença na lista do ministro Edson Fachin, foi absorvido. Ocorre que mais do que qualquer um deles a alta hierarquia do poder foi entregue pelos delatores da Odebrecht nela figurando o presidente Michel Temer, os ex Lula e Dilma, mas o primeiro até aqui beneficiado pelo ato não ter sido praticado em função do cargo ora ocupado.
Antes, isso aí, seria uma compensação pela tendência manifesta de a punição não chegar nos grandes, mas que em face das novas circunstâncias pega todo mundo como se viu. Há coisas meio imprecisas como a referente a obras em estrada estadual e que complicam Beto Richa, conforme o relato, e que abrem espaço para a defesa. Quando da traulitada da denúncia, o presidente da República veio com o argumento de que nada poderia paralisar o governo ainda mais no momento em que deflagra reformas que vão nos devolver ao desenvolvimento. Como se fosse Galileu dando o repique do movimento planetário quis mostrar-se épico na hora de dura adversidade como uma expressão de ânimo a toda a fauna atingida, especialmente a sua turma ministerial e de lideranças.
Esse fato, ainda que temporariamente, bota em risco a marcha das reformas, sua principal e fundamental bandeira, razão de ser do governo, e obriga a figura de maior crédito no âmbito internacional, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ir, outra vez, ao exterior em missão, na qual tentará neutralizar ao menos parte desses efeitos.
No detalhamento das situações fica claro que mais uma vez a prescrição acabará beneficiando esses atores de primeiro plano como ajudou os do segundo aqui, Ezequias Moreira e Cassio Taniguchi, ambos condenados e liberados das grades, e um dos primeiros citados, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um dos que pode beneficiar-se na singeleza de um arquivamento, como se admite. Para o público que quer ver o circo pegar fogo, vai haver, em função desses incidentes, muita decepção, como aliás se dava nos anos sessenta com as listas de cassação dos militares e que eram mais rigorosas com a subversão do que com a corrupção.

E o trem, o metrô?
Temores do PSDB em São Paulo com a retomada investigatória dos trens e metrôs que abarcariam várias gestões desde Mario Covas. Hoje o PT, por ser um dos mais fustigados, já não estimula ações nessa direção e isso parece ter nascido do encontro de preservação das legendas (PMDB, PSDB e PT) que seus líderes ensaiam. A solidariedade se estende ao drama pessoal dos acusados com riqueza de detalhes nos vídeos da Odebrecht como aquele de Marcelo que combinou com Palocci R$ 40 milhões de propina a Lula no final do mandato.
A saraivada, que lembra chumbo perdigoto, de repente torna irrelevantes a lembrança dos casos de trans e metrôs.

Investigações
As delações da Odebrecht provocarão investigações em pelo menos 20 Estados e no Distrito Federal. Justiça Federal do Acre, Alagoas, Amapá, Roraima, Sergipe e Rondõnia não receberam distribuições ligadas às delações. Muitas irão aos tribunais regionais da 1ª, 2ª, 3ª e 4ª regiões. Cada incidente que eventualmente beneficie os réus será intensamente explorado. Vamos viver sob o signo desses processos.
Enquanto a Lava Jato, anda o nosso futebol se arrasta, embora a rodada esteja marcada para o fim de semana, conquanto sujeita, lá na frente, à anulação depois. Num país em que a cúpula do Judiciário formal comete erros como os havidos com Renan Calheiros (sai da linha de sucessão, mas permaneceu no comando do Senado) e Dilma Rousseff (na salvação do seus direitos políticos quando constituíam acessório da decisão principal) não se pode exigir muito de um tribunal administrativo como o do futebol.

Almir & Diva
Dia 19, Livraria da Vila no Shopping Batel, será lançado o livro sobre o casal do basquete nacional Diva e Almir de Almeida "Arremessando para a história". Diva faleceu no meio da semana, a viúva do grande jogador e inovador como supervisor no futebol. Testemunhei como repórter a trajetória dos dois: Diva, ao lado de Iliadalva, Eridan Frederico, Albertina eram olhadas como marcianas porque mulheres que jogavam basquete, anos quarenta; Almir veio mais tarde atraído pelo maior polo do esporte que era Ponta Grossa com seu timaço com Monta, Zaneti, Chaia e, especialmente, o grande Mair, como Almir do escrete nacional. A melhor homenagem que se pode prestar a Almir de Almeida é restaurar, como prometem, o ginásio de esportes que leva seu nome no Tarumã.

Folclore
Numa inauguração de quadra de basquetebol, o governador Ney Braga foi a sensação: do meio da quadra e no estilo mais primitivo de lançar (a lavadeira com as duas mãos abaixo da cintura), acertou a tabela e encestou a bola com aplausos gerais. Além de tudo, o homem tinha sorte como o episódio mostrou.