Suave melhora
Pesquisa recente mostra que o momento atual recupera, ainda que parcialmente, a imagem de Beto Richa por ter feito, lá atrás, o ajuste fiscal: enquanto o prefeito Rafael Greca, em cena de opereta italiana, é perseguido por funcionários até na Catedral Metropolitana, por causa do pacote de maldades, o governador, hoje seu principal protetor, surfa numa sondagem da Paraná Pesquisas que aponta a elevação do nível de confiança em suas atitudes.

É fato que a maior parte dos entrevistados (44,5%) acha que tudo permanece como está nos próximos doze meses e 42,9% entendem que tudo vai melhorar, mas 9,8% acreditam que a piora é inevitável. Outra coisa: em analogia com outras unidades federativas, para 55,5% nossa condição é superior, ainda que 32% entendam que é igual. Como se vê, a insistência do governo em comparar o que se dá aqui com o Rio, Minas e Rio Grande do Sul acaba condicionando, e de forma didática, o público.

Claro que a condenação a dez anos de dois auditores fiscais, ontem em Londrina, pela 3ª Vara Criminal, afeta o cenário, no desdobramento da operação "Publicano". Nesse aspecto Richa parece confiar que não será muito afetado, tanto que jamais se perturbou com o perdão ao Ezequias, aquele que tomava dinheiro da sogra em cargo fantasma que ele próprio engendrou, concedendo-lhe o privilégio de foro, e muito menos com as alegações de que mantinha relações de intimidade com envolvidos em desvios da "Publicano" e da "Quadro Negro", isso sem falar no parente, cada vez mais distante, Luiz Abi.

Objetivamente, o aprofundamento da crise, inclusive a previdenciária, o favorece pelo fato inegável da antecipação, posto que lhe rendendo profundos desgastes, mormente em função do massacre do Centro Cívico. Resta saber o azedume dos pepinos da Lava Jato decorrentes das delações da Odebrecht, que o envolvem sem profundidade, e o andamento no STJ daquela investigação em torno dos desvios de afanos de fiscais aplicados na campanha de reeleição.

Pessimismo
A melhora estatística em relação ao governador é acentuada pela forma como os pesquisados enxergam a situação brasileira: só 34,5% acreditam que vai melhorar nos próximos doze meses, enquanto 76% a encaram como ruim ou péssima. A sondagem ouviu 1,5 mil pessoas em 60 municípios entre os dias 11 e 15 de março. Resta saber se os números teriam influído na hipótese de ficar no governo até o fim para remendar o casco furado do barco

Raiva
A forma como os servidores municipais pegou no pé do prefeito Rafael Greca por causa do pacote fiscal, perseguindo-o na igreja e Câmara Municipal revela uma disposição radical para a luta o que será um abacaxi para a base aliada e doçura para a diminuta oposição.

Sequelas
Transbordamentos da "Carne Fraca" foram suavizados com a decisão da China e China e Hong Kong retomarem as importações, mas se agravaram com a demissão em massa de operários nos frigoríficos em Curitiba e Região Metropolitana e mais ainda com a interdição pela Anvisa dos produtos condenados.

Pânico
Ataque com explosivos a uma agência bancária em Quitandinha na madrugada levou a pequena cidade a uma situação de pânico generalizado. Nesse front perde todas como também na fuga de presos como se deu em Ibiporã com 30 evadidos. Carceragem tem capacidade para 36 e abriga em média mais de 120. Em dezembro houve a espetacular fuga de quarenta detentos. Eis um tema de permanente conflito com a classe policial, que tem posição doutrinária contra o "guardismo" e que já a levou à greve por ausência de condições mínimas de trabalho.

Cultura
O Festival de Teatro de Curitiba, um dos maiores do país confere um sentido especial ao aniversário da Capital paranaense e motiva a equipe da Prefeitura a recuperar sua imagem cultural realizando a Oficina de Música que havia sido adiada para julho.

Privatização
De organização modelar , cogita-se novamente da privatização dos Correios pelo seu estágio atual de degradação e com sinais visíveis de inviabilidade. Era o setor governamental de maior credibilidade em todas as pesquisas sobre níveis de confiança. É uma herança clássica dos piores momentos do lulopetismo que inaugurou, inclusive, o mensalão . Isso sem falar no estrago praticado no fundo de pensão da categoria, outro feito inegável da fauna.

Folclore
Curitiba tem uma inclinação forte para ocultar conflitos e que alcança claramente o ambiente institucional como se percebe no metabolismo das crises. Ontem tivemos uma cena típica de opereta italiana com os barnabés municipais indo atrás do prefeito Rafael Greca até no meio mais insólito, a Catedral Metropolitana e nos 324 anos da cidade. Afinal, como dizem alguns, Curitiba é a esfinge que decifra os que tentam devorá-la.