O candidato ignorado
Alvaro Dias é um dos nomes fortes da política brasileira. Tanto que a Rede Globo o tinha como um dos porta-vozes do que se pode chamar de oposição no Brasil. No seu partido, que por suas acomodações se pendurava no muro, o paranaense era o mais agudo de todos no combate ao lulopetismo. Já tinha sido expulso uma vez, pelo grupo paulista, ao pleitear uma CPI na gestão Fernando Henrique Cardoso, mas acabou retornando para no auge de suas atuações tirar o time e, surpreendentemente, se vincular ao Partido Verde com o desejo expresso de disputar, quase uma condição ´´sine qua non´´, à Presidência. Talvez, isso esteja na origem da pasmante ignorância de sua postulação, que tem tudo de conspiratório.
Como não aparece em pesquisas nacionais, é menos referido - é claro que aí o fator ideológico extremado o favorece - do que ao provocador Bolsonaro. O pior é que o senador está em todas e bate forte e nada dessa atuação é levada em conta. É verdade que algumas simulações feitas regionalmente deram uma ideia do seu potencial e com um detalhe adicional - a de garantir em dobradinha a eleição de Osmar Dias ao governo estadual.
Já em ocasiões anteriores colocou a pretensão na pauta e, agora quando as condições, de certa forma, o favorecem, encontra tanta resistência como sua postulação fosse impossível ou uma piada de salão.
O último pretendente paranaense ao posto foi um dos gênios locais,. Affonsinho Camargo, cujo desempenho à altura de um dos maiores articuladores da área, como o demonstrou, inclusive, como assessor-chave na campanha indireta e que abriu, aí sim, o Brasil para democracia com a vitória no Colégio Eleitoral sobre Paulo Maluf que havia derrotado o homem dos milicos, o coronel Mario Andreazza, com a mesma categoria que derrotou Amador Aguiar, também o preferido do regime em São Paulo.
A campanha de Affonsinho foi uma caricatura da sua história local e nacional e chegou a usar as técnicas de Xuxa na comunicação com os "baixinhos", algo impensável num ideólogo do seu porte como se tivesse tirando sarro da política e com o respaldo do ator "Nojento", um, global de esquetes.
Até aqui a impressão deixada pela campanha de Alvaro, que tem tudo para decolar por suas qualificações e também menos defeitos, é de que ele, mais do que ninguém, acredita em algo que não se confirma.

Aposta no perseguido
Especula-se muito sobre a chapa Requião ao governo e Gleisi Hoffmann ao Senado. Se Gleisi escapar juntamente com Lula dos processos criminais terá ampla condição para deitar e rolar como ree3leita senadora e ainda por cima botar Requião, hoje no ostracismo, em alta como aspiração daquilo que melhor expressa a esquerda ainda existente no Brasil. Embora com o discurso e ação autoritários, mais próximos de Mussolini, Requião é visto nos parâmetros locais como um esquerdista, razxão pela qual sempre teve no lulopetismo sua linha auxiliar.
Nesse caso é aposta na revanche e, sobretudo, nos perseguidos que no Brasil sempre tiveram nesse item, o vitimalismo, como expressão de resistência como se viu com a bala que Getúlio atirou no próprio coração e matou de uma vez só todos os seus adversários e garantiu a posse pacífica de Juscelino Kubitscheck. Não tão pacífica já que os canhões e tanques dos generais Denis e Lott garantiram o bloqueio à posse de Carlos Luz como presidente da Câmara Federal para substituir Café Filho, que estava hospitalizado. Houve o suave motim do torpedeiro que levavam os descontentes dentre eles os paranaenses Munhoz da Rocha e Aramis Ataíde em navegata pela Guanabara, protesto inútil.

Também na aldeia
Enuncia-se como certo que com as delações premiadas dos executivos da Odebrecht outros níveis de poder, além da União, como Estados e municípios, serão alcançados. E pelo jeito não serão apenas unidades como a Alagoas, Pernambuco e Bahia, mas também o Rio de Janeiro e São Paulo. Estados com programas de obras, rodoviárias principalmente, podem aparecer na lista, inclusive o Paraná no sistema de concessões. O informe, nesse caso, é vago, mas possível.
Há, ainda, a certeza de que municípios importantes serão referidos o que botará a maioria dos políticos, na melhor das hipóteses, no purgatório, mas fresco pelo menos que o inferno. Não dá para aplicar aí o bíblico "muitos serão os chamados, poucos os escolhidos" como se dá num concurso público, no vestibular e no fim dos tempos, porque os chamados de agora já são os escolhidos pelo menos no palmômetro popular, se é que torcida de mau humor é medida de valor e auditório de TV e galera de formam o juízo final.

Folclore
Uma noite, entrevistando Munhoz da Rocha na TV Paraná, Canal 6, em plena discussão sobre a posse de João Goulart, que era questionada pelos militares em 1961 como consequência da queda de Jânio Quadros, perguntei-lhe se não havia desembarcado ainda do "Tamandaré" para opinar sobre o assunto e Bento, que deixou testemunho farto sobre a intervenção militar, deu a cortada na bola que lhe levantei afirmando que a posse do vice era tão nítida quanto e formalmente constitucional como a negada em 1955 ao deputado Carlos Luz.