Lá se foi a timidez
Desde o mensalão, depois vitaminado pela Lava Jato, derrubamos um velho arquétipo que nos revelava como tímidos, inibidos, fatores que afinal nos tornavam frágeis diante dos outros. Com o mais recente feito, agora do ministro Ricardo Barros, da Saúde, manchete dos jornais de ontem, que fez um negócio em Marialva 15 vezes maior que seu patrimônio. Fica visível que uma parte conflitante é que favoreceu a notícia. Também foi de noticiário do Norte Pioneiro que se soube do episódio Ezequias, aquele que operava no gabinete do então deputado Beto Richa e inventou a fantasmice da sogra para drenar a grana à sua conta corrente.
Segundo o cronograma dos eventos, tudo se deu em torno do Contorno Sul, obra de 32 km, quando Barros era secretário de Indústria e Comércio de Beto Richa, isso em 2013, e dois anos depois pede ao Senado a liberação de emenda de R$ 450 milhões para a obra referida. Antes disso e do edital do DNIT para a construção da obra, adquiriu, com outros empresários, terreno para criar um condomínio fechado em Marialva. Ricardo se defende dizendo que fez um empréstimo de R$ 13 milhões que quitou com a venda de duas empresas suas.
Claro que se trata de um negócio imobiliário como tantos com insinuação de tráfico de influência, o que também pragmaticamente faz parte das tradições tupiniquins. Raramente aparecíamos e até se diz que também nesse caso foi outro arquétipo, o da autofagia, que teria dado origem à divulgação. Mostramos vigor no lado das ousadias, indispensável em negócios de porte, e também no das anomalias. Estamos nas manchetes, saímos da inércia. Abaixo a introversão.

Tudo azul
Sete anos depois, como Jacó serviu a Labão para levar Rachel, o Ministério Público estadual entendeu que a licitação do sistema de transporte coletivo de Curitiba, foi regular, embora um outro braço da instituição, o Gaeco, tenha detectado anomalias praticadas em nível nacional e regional por empresas do cartel na condução de contratos de concessão. O último reajuste foi de tal ordem que mostrou a precariedade da massa crítica da Urbs que não teve como contestar a tarifa técnica muito próxima de R$ 5. O maior problema é a extensão do caos às tarifas da Região Metropolitana, muito acima do poder aquisitivo dos usuários, o que é ônus para Beto Richa já que o assunto é da área estadual, a Comec, o que é um pepino para as pretensões senatoriais do governador.

Chuva e poluição
Chuvas ajudam a ampliar os níveis de poluição nas praias pelas enchentes de rios e cursos d’água e a dispersão de sedimentos de fundo, e isso rendeu o aumento dos locais impróprios a banho para 16 pontos na orla e no Nhundiaquara e na Ponta da Pita em Antonina.

Aluguel
Exemplo de criatividade e empreendedorismo o de duas mulheres que exploram no mercado a figura do marido de aluguel para ajeitar questões domésticas. Elas provam que mulheres são menos rejeitadas para esse tipo de simulação.

Cobrança
O setor de ciência política da Federal criou um programa de computador que enumera e lista promessas que devam ser cobradas de Rafael Greca, Beto Richa e Dilma Rousseff. As que se mostram mais distantes da realidade são as do prefeito de Curitiba e as de Dilma resultam chocantes pela evidência da cassação, primeira parte do plano do grupo no governo para atingir a última intenção, a de enfrentamento, olho no olho, da Lava-Jato.

De CWB a WC
Curitiba está mais WC abandonado, estourado, portas fechadas, do que para CWB: é que em praças e parques como o Passeio Público a empresa, encarregada da manutenção, abandonou tudo e nem puxou a descarga. Consequência: tudo interditado aguardando um novo contrato de emergência. Bom motivo para lembrar nas históricas campanhas de Pedro Lauro por sanitários na cidade. Um dos que está gerando mais bronca, além do Passeio Público, é o da praça Osório que por sinal é pago.

Morretes
Aproveitando o fluxo turístico de fins de semana, Morretes lança seu festival do barreado, uma espécie de redundância porque todo o mundo vai até lá justamente por esse objetivo. A cidade está apostando no seu carnaval cívico em que com bonecos gigantes exaltará suas figuras históricas de seus escritores e artistas.

Folclore
Com banheiros públicos entupidos e fechados nas praças e parques, Curitiba cheira mal e se revela desoladora num setor em que sempre se saiu bem com uma rotina de eficiência e zelo públicos. O ex-deputado federal (eleito na avalanche do PMDB) Pedro Lauro era obstinado na causa e teve a ousadia criativa de botar no horário nobre da TV, no eleitoral, nada menos do que um prodigioso urinol de plástico. Seu símbolo era uma tesoura, talvez metáfora para sugerir que se castrasse o bilau, mas na Guerra Fria já acharam que tinha algo de subversiva. Um dia apareceu na cidade o gênio Alvim Toffler (´´O Choque do Futuro´´ e ´´A Nova Onda´´) e Rafael Greca, então prefeito, o apresentou a Pedro Lauro numa banca da Praça Tiradentes.