Paraná em evidência
Nos últimos acontecimentos políticos de relevância, o Paraná esteve na crista da onda: no mensalão com a atuação do procurador da República, Antonio Fernando de Sousa, cuja formação jurídica aqui desenvolveu, e na atuação dos deputados federais Osmar Serraglio e Gustavo Fruet, embora tivéssemos muita gente da terra no polo oposto do processo, como ocorre também nos desdobramentos do petrolão. Agora, além do juiz Sérgio Moro e de toda a força-tarefa de policiais e procuradores da terra da Lava-Jato, temos agora como figura-chave da relatoria dos procedimentos o ministro Luiz Edson Fachin do STF, designado anteontem via sorteio eletrônico.
Havia muita expectativa em torno dessa função missionária, sujeita hoje no país, dada a permeabilidade dos eventos, a todo o tipo de especulação. Engajadíssimos membros do Ministério Público olhavam o sorteio como uma loteria, ainda que deixassem exposta a opinião de que prefeririam contar justamente com Fachin para dar a mesma linha de continuidade do ministro Teori Zavascki.
Aposta-se justamente no equilíbrio e imparcialidade do mais novo ministro, lastreada numa cultura aprimorada como jurista e professor, dada a delicadeza do processo que pode colocar o país numa nova era de ganho civilizatório tirando da nossa identificação a marca trágica de séculos de impunidade e corrupção. Joga-se muito mais do que o destino majoritário da classe política, boa parte dela habituada aos rituais da propina e enquadrada nas delações não só da Odebrecht como também das demais empreiteiras nos cartéis das obras públicas, e há uma sensação de ruptura e de um novo tempo, cujo andamento a todos compromete.
Dos eventos nacionais, apenas a glória do Cerco da Lapa, que impediu a marcha da Revolução Federalista, tinha o dado forte de nossa participação na guerra civil e hoje essa presença é ressaltada nos acontecimentos políticos que marcam os nossos dias.

Mais condenações
E a rotina da Lava Jato segue seu curso com as condenações ontem do marqueteiro João Santana e da esposa Mônica Moura a 8 anos de prisão e a do tesoureiro João Vaccari a 10 anos e também alvo de outros processos. A ex-presidente da República Dilma Rousseff dará testemunho de defesa de Marcelo Odebrechet em março.

Equilíbrio mantido
Com a vitória de Rodrigo Maia com 293 votos para a presidência da Câmara Federal, reforça-se o governo Michel Temer para a arrancada das reformas e também ante os enfrentamentos possíveis da Lava Jato já que tanto ele como seu colega presidente do Senado, Eunício de Oliveira, aparecem nas investigações com os codinomes de "Botafogo" e "Índio" nos registros das operações estruturadas da Odebrecht.
É de considerar que essas vitórias políticas restabelecem o equilíbrio de forças já que asseguram o fluxo das ações do governo no esforço de retorno ao desenvolvimento no momento com sinalizações de melhora do quadro da economia, posto que denúncias premiadas continuem gerando uma atmosfera de juízo final aos políticos.

Primeiros choques
Além da herança fiscal dos declarados R$ 1,2 bi de furo, que obriga Rafael Greca a rever suas promessas de campanha, teremos logo duas questões que o colocarão em conflito, uma a do possível veto ao reajuste dos funcionários municipais por causa da conjuntura, e outra, essa mais séria por sua abrangência, a do reajuste das tarifas de transporte coletivo para R$ 4 ou R$ 4,20. Empresas, alegando a persistência do desequilíbrio contratual, pretendem endurecer nas conversações em torno da renovação de frotas.
Greca não tem estilo beligerante, porém, alguns setores técnicos estão aconselhando a pleitear uma perícia mais aprofundada na questão da operacionalidade do sistema até porque a restauração da integração metropolitana exigirá algo que a auditagem do Tribunal de Contas não alcançou. Empresários reagiram negativamente à pretensão de 600 ônibus, 200 deles da tecnologia desenvolvida pela Volvo.

Mistério
Não há nada de específico relativamente ao novo aperto fiscal do governo que pelo jeito vai carregar no funcionalismo. O governo tem que se cuidar com a questão previdenciária que não está o alegado paraíso, pois em edição recente da imprensa paulista os gráficos insistem que é uma das piores situações entre as seis mais dramáticas como São Paulo e as unidades devastadas pela calamidade.

Folclore
Um dos momentos mais sofisticados dos concursos de misses eram as preleções do pintor Guido Viaro sobre medidas antropométricas e que passavam pelos modelos da Venus Calipígia e outras referências clássicas. De tudo que eu vi em concursos, que ajudei a promover, nada foi mais intelectual do que a fala de uma das mais lindas de todas, Angela Vasconcellos, ao discorrer sobre figuras contrastantes como a de "O Pequeno Príncipe", de Exuperi, e o Kafka de "A Metamorfose" do homem que se transforma em barata.