Soberba mudou de lado
Antes a prepotência e a soberba estavam com os sindicalistas da APP, agora tais "virtudes" mudaram de lado, estão com o governo, como se denota nas palavras duras de Valdir Rossoni, segundo as quais não haverá recuo. Dito isso, fica explícita a inocuidade de qualquer debate e composição e com a agravante da taxativa promessa de que havendo greve, recurso que o governo sempre estimulou por frouxidão, haverá a resposta da perda dos dias parados, o singelo cumprimento do dever legal.
Isso aí é como marcar pênalti antes da saída da bola ao centro contra um dos lados: se não há o que negociar, obviamente, o diálogo é trocado pelo monólogo oficial e reuniões se tornaram inúteis já que os pontos visados da hora-atividade e endurecimento do exame de saúde para casos de licença são inegociáveis. Como nada aconteceu, a não ser a invasão da secretaria contida por liminar judicial, isso depois de muitas horas, o governo ainda não tem know how, ao que se saiba, para lidar com a hipótese de uma daquelas greves acompanhadas de mobilizações de rua sem o risco, é claro, de repetir uma abrilada no Centro Cívico. A não ser que um trabalho de inteligência tenha demonstrado, em pesquisa, que os pais, no caso a comunidade, não suportam mais a banalidade da greve que nada traz de positivo.
A autossuficiência é de tal ordem que dá a impressão de que está tudo preparado para dissuadir a APP rapidamente com o ato singelo do corte dos dias parados, o que se sabe eficaz, mas depende do tempo, do cronograma como se processam os acontecimentos, o que não impede o tumulto e a tensão bem como o inevitável prejuízo ao calendário escolar. Resta saber se a APP acredita na promessa de revide que, poderia ter sido usado, e nunca houve e se ela tem um plano B para a eventualidade, que aliás seria um medidor de forças honesto para conflitos sociais. A classe política, bem representada por Valdir Rossoni, se sente levemente constrangida com a força do secretário Mauro Ricardo Costa, da Fazenda, que costuma apodar de "tecnocrata", razão pela qual deixa bem claro que essas restrições ao professorado foram editadas por ele no empenho do ajuste fiscal para que não nos transformemos, aqui e agora, num Rio de Janeiro, uma espécie de inferno de décimo terceiro e salários parcelados e atrasados.
Não há alternativa: ou isso, a restrição, ou o inferno igual ao dos cariocas, mineiros, gaúchos.

Salário e inflação
Numa recessão é impossível que salários sejam reajustados acima da inflação e em tempo da PEC do limite dos gastos. Só com a reanimação da economia, o que deve se dar lá pelo último quadrimestre deste ano, esse tipo de liberalidade das nossas tradições teria razão de ser. Daí a reflexão que somos impelidos a fazer quando motoristas e cobradores que respondem por mais de 50% da planilha tarifária do transporte coletivo pedem, de cara, 15% de reajuste. Obviamente, tal patamar é para início de conversação, ainda que represente o dobro da taxa de inflação acumulada.
Incrível é que, apesar de ter havido mobilização popular (e até um questionamento ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica, sobre se há ou não cartel no sistema) e ainda a CPI dos vereadores e mais a auditagem do Tribunal de Contas (este provando que a tarifa pode baixar e sugerindo a remoção dos 4% de taxa de gerenciamento da Urbs), tudo persiste numa caixa preta e com o pior: a possibilidade de voltar à situação anterior em que estavam vacinadas contra conflito as relações suspeitas e pactuais que o informam, devassadas ainda que parcialmente pelo Gaeco e que precisam ser postas à luz do dia.

Derossso
O ex-vereador João Claudio Derosso, e ex-presidente da Câmara de Curitiba por 15 anos, e mais empresários da área de comunicação em virtude de um processo que envolve R$ 34 milhões na Casa foram apenados como inidôneos e impedidos, por decisão acessória, de ocupar qualquer cargo em comissão até 2021. A decisão é do Tribunal de Contas.

Operação vigorosa
Uma atuação conjunta das polícias civil e militar de Paraná e Santa Catarina na operação ´´Dinheiro Sujo´´, relativa a estouros de caixas eletrônicos, prendeu ontem 19 dos 28 que haviam sido indiciados. Os artistas, além de fazerem explodir os caixas, desenvolveram técnica de lavagem e recuperação das notas avariadas. Nove estão foragidos, a polícia atrás. Apesar disso, tivemos anteontem o terrorismo de quadrilheiros estourando caixas em Ivaí, rotina que reafirma a audácia da bandidagem e as dificuldades investigatórias que, numa certa etapa das ações desenvolvidas, enquadraram alguns policiais militares com vasta repercussão.

Folclore
Há coisas incompreensíveis como a do fechamento do Museu de História Natural do Capão da Imbuia pelo fato alegado de a prefeitura da capital não ter como pagar horas extras de três funcionários. Agora voltou a funcionar e só faltou, como sugere uma piada, que se fizesse um trabalho de taxidermia (empalhamento) nos trabalhadores como se faz com os animais.